segunda-feira, novembro 12, 2007

Não queira roubar a inocência desta pequena criança... Não ouse, como um bezerro desmamado... Encher de 'nãos' e 'deslizes' esta pequena cabecinha em formação...

Deixe a criança querer crescer pequeno artrópode... Deixe a criança querer crescer, quando ela bem entender... Não roube dela estes segundos que hão de ser valiosos no fim da tarde de amanhã...

Deixe a criança crescer... Quando ela bem entender...

_!_

quarta-feira, novembro 07, 2007

A polícia veio me prender

Depois de parir três quilos de paio e cicuta, meia dúzia de não-verdades, alguns favos de boa vontade e uma boa dose de cetismo, a polícia veio me prender.

Chegaram pela porta da frente um delegado da civil, dois soldados da PM e um militante do PT. Arrombaram brutalmente a porta que estava aberta. Já entraram chutando o cachorro que dizia ser inocente e logo em seguida apontaram uma pistola para a cabeça de vovó.

A pobre coitada não sabia o que fazer, então, nessa ânsia por não querer saber nada, encheu a fralda geriátrica com meio quilo de inocência e trezentos gramas de palavras de baixo calão que haviam sido engolidas à seco.

Solicitaram (o verbo solicitar neste caso é algo parecido com uma solicitação feita sob tortura, uma quase exigência inegável) que mamãe ajudasse vovó a se trocar.

Questionei o porque da invasão, perguntei se tinham mandato para irem invadindo desta forma a minha residência. - Me mostraram o tal mandato, porém também perdi meus dois dentes da frente, não cheguei a lê-lo (o mandato) mas foi um fuzuê danado, depois desta vovô e sua muleta quase acertaram um dos milicos.

Geraldinho, meu irmão mais novo, que estava batendo sua punheta vespertina pós-almoço de domingo, chegou e foi rudemente perguntando que porra era aquela que estava acontecendo ali na sua casa.

O delegado havia começado a explicar que tinham feito uma denúncia anônima de que existia uma plantação de maconha em nossa residência.

Geraldinho questionou mais uma vez, disse que a única plantação que tinham em casa era a hortinha que ficava no quintal. Horta que foi vasculhada pela polícia, claro, não sem antes revirarem a casa de baixo para cima. Será que eles acharam que realmente tinha como haver uma plantação debaixo dos colchões da cama?

Na horta nada encontraram, só o de praxe: Cebolinha, salsinha, coentro, tomate, taioba e um pezinho de acerola que estava germinando por ali.

Vasculharam também alguns vasos de planta: Espada de São Jorge (isso é bom pra bater em menino desobediente, já fui ameaçado várias vezes com esta planta, pensei seriamente em denunciar isto para a polícia, mas fiquei com receio deles levarem isto à sério demais e levarem a minha mãe para depor na delegacia), samambaia, e uma plantinha de sei-lá-o-que-da-felicidade.

Sabe como é, polícia é treinada pra prender e dar tiro em bandido (que a gente nem sabe se são lá tão bandidos assim), não fazem a mínima idéia de que raios são aquela variedade toda de plantas.

E como era de se esperar, não acharam a tal plantação de maconha que eles tanto procuravam.

Os milicos também não queriam ir de mãos vazias para a delegacia, resolveram levar alguém para depôr.

Vovó e vovô já tinham idade avançada, minha mãe era uma senhora bastante simpática, e como ela cuidava dos meus avós, resolveram deixar a "dona" em casa mesmo. Geraldinho é menor de idade, então, acabou sobrando para eu depôr na delegacia.

Lá chegando o delegado solicitou que eu me sentasse na cadeira (por incrível que pareça até que a cadeira era confortável) e fez um monte de perguntas e piadinhas insossas.

No final das contas como eu não ri muito das piadinhas dele, acho que ele resolveu me prender por conta disto. A alegação foi: Extração ilegal de “mudas” de espécies raras da Mata Atlântica. Claro que a esta altura todas as “mudas” eram ameaçadas de extinção.

E é nessas horas que eu penso, antes eu tivesse a porra de um pé de maconha plantado no vasinho juntamente com a samambaia de mamãe. Aí pelo menos eu teria um motivo supostamente justo para ser encarcerado pela polícia.

Fui liberado dois dias depois porque precisavam de espaço na cela para colocar um sujeito barra pesada que tinha dado cabo de um caboclo homossexual, ele jurava de pé junto que o rapazinho havia tentado fazer uma chupetinha nele, e que, esta história estava enchendo o saco, pois o pessoal da vizinhança estava começando a comentar. E como ele era muito macho, resolveu abater o viadinho.

Enfim, fui solto. Não cheguei a ser molestado. Chegando em casa minha mãe me abraçou e disse que lá em casa, a partir deste dia só entrava flores artificiais. Sim, daquelas que a gente olha e vê logo de cara que são de plástico ou de um material sintético qualquer.

Desistimos da idéia quando o pessoal do IBAMA apareceu no final de semana seguinte.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Segunda-feira pós feriado

Bonita foi a cena da mocinha de corpinho maravilhoso vislumbrando a paisagem do Ribeirão Arrudas*. Fitava-o de tal modo que parecia que tinha visto algo perspassando pela correnteza "sugismunda".

Talvez estivesse procurando o verão no inverno quente e seco. Ou simplesmente sentindo o odor maciço da feijoada do feriado.

Não sei ao certo o que a moça fitava, mas sei que eu estava fitando aquela belezura que apreciava um monte de merda correndo. Acabei me tornando cúmplice daquele movimento de apreciação (poderia dizer depreciação?).

Quem sabe simplesmente uma bela paisagem pitoresca? Uma bela paisagem que passa desapercebida pelos olhares alheios simplesmente porque a bela paisagem fede e o som do rio-descarga-gigante já se transformou em uma lamaçal de adubo líquido!?

Mas a menina era linda... E fazia com que todos parassem para apreciar aquela paisagem...

* O Ribeirão Arrudas é um pequeno rio que atravessa Belo Horizonte. Ele é formado em Contagem, atravessa o centro da Capital e segue em direção a Sabará.

Atualmente, a parte do ribeirão próxima a praça da estação está sendo totalmente coberta para a construção da Linha Verde.

O ribeirão é usado normalmente como esgoto, uma vez que os detritos domésticos e hospitalares de Belo Horizonte caem em suas águas.

Ele desagua no Rio das Velhas, que por sua vez deságua no Rio São Francisco.



P.S.: O texto não necessariamente é uma obra verídica, pode ser um fato imaginário ou que tenha simplesmente sido uma divagação esquisita, enfim, espero que não tenha que dar explicações acerca do que foi acima descrito-inventado(?)

terça-feira, setembro 25, 2007

Odeio gente que finge estar preocupado quando na verdade não está nem aí...

terça-feira, setembro 04, 2007

A menina e a pança

Comida... Comida... Farofa, arroz, chuchu e chimarrão, guarita, queijo provolone e uma xícara de quentão, as sextas uma batida de conhaque com melagrião, aos sábados ônibus lotado rumo ao Bailão Sertanejo e um punhado de desdém na pança empanturrada de comida... comida... um punhado de sabores... Uma xícara de cheiros, temperos e sôfregos desejos e posteriormente, remorsos.

Não bebe cerveja porque seu pai tinha barriga, seu tio tinha barriga, seu avô tinha barriga, e ela, apesar de mulher, era a próxima geração da família, resolveu não arriscar pois sua mãe sempre dizia que seu pai tinha barriga porque era um pé de cana sem rumo, e que tinha puxado ao vovô que também tinha a barriguinha saliente porque era igualmente pé de cana, sabe como é... Segundo mamãe... Herança genética.

Dizia também (a mamãe) que iria gostar muito mais dele (papai) se ele fosse sarado e esbelto, se fizesse a barba todos os dias e deixasse de acordar todo santo dia com a barba mal feita e aquela cara que desenhava nada-mais-nada-menos do que aquilo que ele realmente era... Um bêbado.

Não bebia (ela e não o pai, nem a mãe), porém, comia... O suficiente para sentir culpa de ter comido e de achar que seu vício-problema era pior do que todos os vícios.

O fumante se quiser parar de fumar, ele larga o cigarro e pronto, ele não tem que fumar nunca mais. O bêbado se quiser parar de beber ele pára e não tem que beber nunca mais... Mas e eu? Que tenho a pança exaltada? Não posso deixar de comer, tenho que comer pouco e o problema é esse. COMER... Dizia que se não tivesse que comer não teria problema, seu 'vício' seria facilmente deixado de lado.

Eu, pessoa que escreve e ao mesmo tempo tenta narrar a história com os relatos que me foram passados pessoalmente - em primeira pessoa - pela própria Isa (que está sendo apresentada tardiamente à vocês), conheci a pança de Isa. Não era nada anormal demais, mas também não era algo belo de se ver. Era estranho, tinha dias que o peito de Isa sumia, a pança crescia de tal forma que o peito desaparecia naquele emaranhado de comida (doces, salgados, quitutes, porcarias do fim-de-semana, nada de bebida, Isa só comia). Tinha dias que a barriguinha de Isa parecia bem menor e todo mundo achava um absurdo ela dizer que precisava fazer regime.

Adoro (Isa) suco de tangerina e favos de mel, gosto de biscoitinho de nata e doce de abricó (pra quem não sabe, abricó é uma frutinha semelhante ao damasco, nunca comi - eu, 'escrevente' - e não posso afirmar tal semelhança, mas no dicionário dizia que sim, que as frutas são parecidas, então, simplesmente acreditei).

(Não-Escrevente) Não gosto de sexo, mas faço. Li em uma revista feminina que isso ajudava a emagrecer, pois era um ótimo exercício físico. Engoli porra uma vez, mas não gostei, achei meio amargo, e o cheiro também me deixava enjoada. Mas fazia amor de vez em quando com meu namoradinho. Depois arranjei um homem muito mais homem, pois ele era sarado.

(Agora eu - Mas Eu quem?) No final das contas, depois de tanto comer-deixar-de-comer, chupar-cuspir, mastigar-digerir... A história de Isa terminou assim, após este monte de estica e puxa Isa acabou virando bala delícia e foi amaciada pela boca de Frederico, seu professor da academia. Fred, como era conhecido por todos, adorou o sabor da 'badelícia'... O problema é que o 'docinho' não desceu muito bem... Passou a tarde de terça-feira trancafiado na baia 3 do banheiro do shopping.

Mas a culpa foi dos vermes que residiam na pança da menina que virou quitute...

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P.S.: Eu sei que o texto ficou confuso, ora primeira, ora terceira pessoa, ora pessoa alguma, ora outrém, mas talvez a intenção tenha realmente sido esta. Fazer presença na presença de ninguém, mostrar que alguém falava enquanto outrém fingia prestar atenção na vida de alguém que narrava, presente-futuro, o passado de quem um dia chegou a querer ser mas que acabou não chegando a ser... Ou que acabou sendo porque foi o aquilo que não sonhava em ser... É... Tá confuso, mas eu, particularmente, acabei gostando da minha confusão.

E por isso me atrevo a dizer que o 'pós-texto' é pior do que o 'texto antes-do-pê-ésse'.

terça-feira, agosto 21, 2007


Que Bosta


Não sei escrever
Tudo que escrevo
Ninguém quer ler
Que bosta
Não há sentido
Se há algo importante
Não sou eu quem digo
Que bosta
Nem rola emoção
Se escrevo o que penso
Me acham um bobão
Que bosta
Eu nunca penso
Idéias fantásticas
Escarradas no lenço
Que bosta
Te quebro com um taco
Poema maldito
Já encheu o saco
Que bosta
Que bosta

segunda-feira, agosto 20, 2007


::: Será??? - Mas e se não fosse assim? Sei não, que tal começarmos colocando fodas no título? Um bom começo??? Não sei, mas a verdade é que o título ficou grande demais para ser um título, mas quem se importa, a verdade é que poucos irão passar daqui... Então é melhor sintetizar tudo no título... Ou não... Sei lá... Vai se foder pra lá...

Tenho uma vontade doida de passar a mão na barriguinha do seu 'Ó', fico maluco de tesão só de pensar em passar as minhas pequenas mãozinhas nas perninhas do seu 'p', 'q' ou afins... Me alegro e me entristeço ao ler-te.

Nos últimos dias notei que tem um monte de gente que lê outrém imaginando como é a pessoa por detrás das letras, os gostos, os desejos, anseios e o caralho a quatro, tudo pra tentar decifrar como outrém se deforma por debaixo dos versos.

Um conselho, não tente fazer isso, se você gostar de ler o que outrém escreve, esqueça, não tente uma aproximação, esqueça orkut, MSN, ICQ, Skype, SMS, telefone etc... Você irá detestar descobrir que seu(ua) escritor(a) favorita é feio(a). Sem sombra de dúvidas você irá perder o interesse pela literatura que, neste caso, deveria ser a única coisa importante.

Levante o bracinho do seu 'd' e me mostre as axilas sequinhas e cheirosas. Mostre-me as tetinhas do seu 'B' (maiúsculo, porque 'b' minúsculo só tem pança e nada de tetinhas). Me desfaça 'y' torto e desajustado no teu alfabeto e me transforme em 'L', perfeito, formando 90 graus de uma sinfonia quase desafinada.

Não se esqueça da sua bengala '?' - nem do consolo '!' - não se esqueça das bolinhas de gude '.' - e muito menos do esforço torto de tentar sem diretamente-torto ','...

Se esqueça da imagem, do que é ou do que era para ser...

É muito melhor imaginar do que descobrir a realidade nua e crua da beleza que deveria existir mas se esqueceu mesmo foi de nascer...

Portanto nobre colega, esqueça deixe o 'quem' de lado. Ser autista é muito melhor e a beleza se torna muita mais interessante/incessante em sua vida quando você deixa de se preocupar com ela. E com certeza, você há de se tornar uma pessoa melhor e bem mais feliz por causa disso...

P.S.: Ou não... Vai lá saber o que é verdade ou mentira nessa joça...

terça-feira, agosto 07, 2007

::: Firmina

Cabritinha nova e macia, cheia de manias e meiguices tolas de menina moça começando a desabrochar e virar vadia.
Gosta de vestidos de seda e de perfumes com cheiro de orvalho. A maquilagem tem que ser suave, não gosta de tons roxos ou escuros demais por sobre as pálpebras. Batons vermelhos chamam a atenção demais, prefere os de coloração mais 'transparente'. Gosta de sandálias baixas, mas à noite prefere o salto alto. Acha que salto ajuda a deixar a bundinha mais bonita e atraente. Talvez seja coisa de menina...

Amiga de Patrícia e inimiga de Felícia. As rixas são naturais, acredita que isto tempera a vida... A tal da emoção... O que seria da vida se não precisasse se preocupasse em atingir sua inimiga? O que seria da vida se ela (a vida) fosse somente curtição com a(s) amiga(s)?

Firmina era virgem mas se achava experiente demais só porque chupou o pau do filho do seu Ziza, que era o padeiro do bairro. O filho do seu Ziza se chamava Onofre, e tinha apenas 12 anos. Onofre trocou meia dúzia de pães, quatro litros de leite e duas paçocas pelo fenomenal boquete de Firmina. A verdade é que ele nem era tão fenomenal assim, pois foi o primeiro boquete que Firmina fizera na vida, porém, também foi o primeiro boquete que Onofre recebera na vida, talvez realmente tenha sido fenomenal. - Não dá pra saber, estou somente contando a história, é complicado descrever tudo em detalhes.

É certo que Firmina maquiou um pouco a história, na versão dela ela havia feito isso com um empreendedor, um homem bem mais velho e que sabia tratar muito bem uma mulher. Mas enfim, ninguém além de Onofre sabia da história, então não tinha como desmentirem a versão de Firmina. E tanto fazia, porque ela nunca havia desmentido que havia chupado um pau, somente havia mentido sobre o dono do pau... E tanto faz, porque todo mundo sabia que ela já tinha pagado um boquete.

Patrícia tinha grande apreço pela amiga, achava tudo o que Firmina fazia simplesmente demais. As duas queriam ser irmãs, mas como não foi possível que isso ocorresse biológica e naturalmente, forçaram um pacto de sangue-cuspe-beijo-dedinho-no-cu para representarem esta irmandade bonita.

Patrícia era bonita, alguns diziam que era até mais bonita que Firmina, porém, sofria de baixa estima, e isso a fazia, com certeza, menos interessante que a amiga. Patrícia nunca tinha pagado boquete para o filho do padeiro, mas já tinha enfiado um nabo no rabo para saber qual era a sensação. E por incrível que pareça, gostou da sensação de sentir o nabo enfiado no cu enquanto acariciava o grelho com os dedinhos. Nunca havia contado esta experiência para ninguém, nem mesmo para a amiga. Vê se pode, o que Firmina ia pensar se soubesse que a amiga saia por aí enviando hortifrutigranjeiros no rabo? Acha que se contasse isso para a amiga, Firmina nunca mais deixaria que sua mãe chamasse Patrícia para ver como estava maravilhosa a sua horta que crescia no fundo do quintal.

A inimiga de Firmina e conseqüentemente, de Patrícia, tornou-se inimiga simplesmente porque havia soltado um boato por aí dizendo que as meninas tinham um caso e que eram lésbicas. Quando o boato começou a circular pela cidade, fudeu tudo, já viu como é boato em cidade pequena, cresce que nem chuchu na cerca, maior porcaria que tem.

E para se vingarem, Firmina e Patrícia inventaram que Felícia havia sido molestada pelo bode Tomé. A cidade ficou em polvorosa, uma pobre menina deflorada por um bode, onde já se viu uma coisa dessas? O boato custou a vida do bode. Mas pelo menos a carne estava boa.

...Parênteses - comida e literatura não combinam muito bem, eu parei de escrever para fazer um lanchinho e quando voltei, nada, minha história simplesmente havia acabado, não conseguia pensar num desfecho, e eis que veio a brilhante idéia de deixar pra escrever o final depois, mas aí eu fiquei pensando e matutando e mesmo tendo a brilhante idéia de deixar para amanhã ou para seiláquando o que eu poderia fazer hoje, eu resolvi, mais uma vez me contrariar e terminar o texto hoje mesmo, portanto, se o final não prestar, escrevam um melhor vocês mesmos, vocês devem ter alguma idéia brilhante, com certeza muito mais do que a minha - Fecha parênteses...

F-I-M:
Patrícia e Firmina fizeram 19, deram o primeiro beijo (uma na outra) na festa de São Roque da Serra (padroeiro da cidade). Fugiram para Las Vegas de Jequitibá (cidade das redondezas) e atualmente trabalham em uma lanchonete servindo as mesas. Patrícia gosta de ser molestada. Firmina não. Patrícia já trepou com vários fregueses no banheiro da lanchonete, enquanto Firmina simplesmente serve mesas e bebe os drinques que alguns clientes pagam. O último drinque foi pago por Padre João (o Padre da sua antiga cidade)...

Felícia continuou na cidade, não foi para Las Vegas de Jequitibá. Aos 19 cedeu o rabinho para o Padre João, pois ele não queria engravidar a menina. Felícia descobriu que Padre João é o maior evangelizador de 'cus' que ela já conhecera. Já comeu o cu de todo mundo (todo mundo = a cidade inteira). Menos o de Firmina... Pois ela se mudara antes que ele pudesse mostrar à ela o caminho da luz...

No mês passado Padre João resolveu se transferir para a paróquia de La Madresita Del Cassino Rey, na província de Las Vegas de Jequitibá... Estaria Padre João agindo de caso pensado? Porque se transferira justamente para a cidade da perdição, a cidade onde o último Padre havia sido confundido com o boneco Judas e foi Malhado e queimado no 'Sábado de Aleluia'? Estaria Padre João atrás do último cu de sua coleção?

Não sei... Não tive mais notícias depois disso, tive que parar para trabalhar e não mais tive tempo de escrever... E também não recebi cartas com notícias fresquinhas dos últimos fatos ocorridos na cidade... Mas talvez algum dia ele (Padre João) resolva escrever um livro sobre suas estórias e catequizações. Até lá... Aguardamos notícias...

sábado, julho 28, 2007

::: 5

“Vagando entre dois mundos, um morto, o outro
impotente para nascer”


Matthew Arnold
The Grande Chautreuse



Sentado na cadeira verde da esperança ao lado do berço que engole crianças, parado-estático-adormecido está um vulto. Desenhado à traços cinzas e alguns tons pastéis.

Guardando sombras em uma caixa plástica de 7 x 4 cm, propositalmente repousada em seu ventre deformado. Quem guarda consigo sombras poderá guardar fantasmas-pesadelos ou sonhos?

No jardim, flores artesanais de arame choram para o quadro de um beija-flor sem vida.

No fundo fundo existe uma pequena fonte que engole ventos e adormece furacões.

No terraço um pequeno espaço separa a churrasqueira do berçário.

Na cozinha existe uma lareira por onde entram folhas secas.

No quarto aflita no canto esquerdo a cama apelidada de quarta-feira, sem uma das pernas e sem lençóis para protegerem poeira.

O chão são nuvens de chuva que apagam ontens e lavam galochas de papel-jornal.

Se um homem pudesse atravessar o paraíso num sonho, e recebesse uma caixa plástica para provar que estivera ali e, ao acordar se deparar com uma caixa plástica em suas mãos...
E aí, então?

segunda-feira, julho 23, 2007

CURTAS

::: Pietro

Gosta de soprar cuspe no ar condicionado, adora ver o efeito contrário que o tal aparelho faz sobre o líquido-espuma que solta da garganta. Forma de brisa-bicha lhe sobrando os cabelos e ajeitando-os com ramificações arbóreas desarranjadas.

Leva aos domingos sua cadeira de rodas para passear no parque. Fuma praticamente um maço durante a caminhada. Não precisa se preocupar, a cadeira faz todo o trabalho.

Enquanto respira... Traga e bafora... Sente a fumaça entrando lenta e suavemente pela boca, se ajeitando pela traquéia e pousando pesadamente dentro dos seus pulmões.

Pinta balões de borracha no céu da boca. Bebe azul pra vomitar vermelho. E eis que nascem neons e letreiros luminosos.

Não é aposentado pelo governo, vive da herança que os poucos familiares lhe deixaram.

Morre todos os dias pra nascer de noite.

Amarelo hepatite e verde esperança.

Manda freiras tomarem no cu. Acha que pingüins não deveriam sair do pólo sul (ou norte - não sabe nada a respeito de distâncias e destinos). Um dia viu uma (freira) parada no sinal, estava em um Uno (carro popular que não era o modelo do ano) prateado chupando tic-tac. Custou a acelerar quando o sinal abriu (a freira). Tentou cuspir, mas não teve fôlego, e o vento também ajudou a desviar a trajetória do sem-sinodestino.

A família o visita às vezes, quando acham que ele está de bom humor, mas é esporádico, não ocorre com freqüência, talvez por isto tenham deixado Pietro de lado. Do lado avesso, carcomido por um verme solitário chamado angústia.

E nas linhas litter-a-atoas caminha cuspindo em ares-condicionados.

Semana passada encontrei com ele no banco. Mas ele não queria abrir sua conta, descobriu que o ar-condicionado do banco é muito mais potente do que aquele que ele tem em casa. Cuspiu, mas não alcançou o destino. A trajetória veio torta e lhe acertou o queixo.

Mas decidido, disse que volta amanhã quando o banco abrir novamente...

quinta-feira, junho 28, 2007

::: Todo fanático é ignorante

O vicio do cigarro, como qualquer outro vicio não vem de Deus, se não vem de Deus, é pecado...


Frederico era voluntário no Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro. Frederico fumava 45 cigarros por dia, mas mesmo assim achava que existia alguma dignidade em ajudar os desesperados que precisavam deixar de poluir a atmosfera com baforadas cinzas.

O corpo já não ajudava muito, a meia idade havia chegado precocemente aos 26, não conseguia mais se abaixar para pegar os cigarros quando alguns caiam no chão, o corpo reclamava. Quando precisava repousar uma 'cigarrilha' já acessa, ou utilizava o cinzeiro, ou então tinha que fazê-lo repousando-a em uma muretinha que havia sido construída para cercar a castanheira do jardim do Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro.

A empresa, como qualquer outra empresa, não gostava de funcionários fumantes, Frederico havia ganhado um curso para largar o seu vício e poder se empenhar mais em seus dias de labuta no Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro, mas não teve interesse em fazer o curso, disse que preferia dormir.

A função de Frederico - além de incentivar os fumantes (que querem ganhar prefixo ex-) com palestras e vídeos educativos que mostram os malefícios desta bosta que vem aos montes em um pequeno maço de cores chamativas - era meramente administrativa. No começo ele ficava impressionado com os vídeos, chegou até a fumar menos na primeira semana, mas com o tempo foi se acostumando, agora não se deixava vencer. Se considerava uma pessoa de opinião, pois, em qualquer uma das circustâncias, era uma pessoa que não se deixava influenciar. - Enfim, sua função era meramente administrativa, era ele quem entrava em contato com o governo para o repasse de verba, sua função era remunerada, participava das palestras por gosto, vontade de ver pessoas desconhecidas vencerem o vício (esta outra era realmente voluntária).

Não entende muito bem esta coisa de vícios, acha que todo mundo tem vício de alguma coisa, porque é que os fumantes são a classe mais pária da ramificação de vícios? Tem gente que é viciado em Coca-cola, benzina, heroína, jóias, dinheiro dos outros, corridas de carro, futebol etc. Ele era somente uma pessoa que fumava e nada mais, por que seu vício tinha que ser domado?

Fazia questão de não entender.

Não ouvir...

Quando era recriminado por seu vício e incetivavam-no a largá-lo, Frederico ficava nervoso e estressado, e então, ascendia um cigarro para relaxar.

E assim morreu aos 27... Atropelado por um ônibus azul.

quinta-feira, junho 21, 2007

::: Amanheço

Por onde passas senhorita?
Beijando tripas e caminhando em quatro patas!

Ontem comi o inverno inteirinho no café da manhã...
Senti o vento gelado e as nuvens negras em meu estômago.

Cheiro adocicado de esperma e espasmos de alguém que não pode saber...
Sentido pra quem não sabe de nada, dos olhos que nada vêem...

Enquanto caminhavas, passeavas e encolhia, serelepe seus trocados no fundo da bolsa, fiz de mim temporal, me matei por dentro, me esqueci de mim...

Meus caninos devoraram minha língua, meus lábios e meu sono.
Me atrevi a cogitar e regurgitar penhores...

O som de uma viola velha e apagada em qualquer caminho.
Esquecida debaixo do ipê,
Enrugada pela vida,
Amolecida pela língua que tudo fala...

Esqueça a juventude...
Amanheça depois de manhã...

Quando o sol se esquecer de nascer,
Quando a lua mergulhar no balde de roupa suja...
Quando as palavras se esquecerem de acordar...
Quando as nuvens se transformarem em piadinhas infames de maus delitos.

Quando tudo virar nada...
Quando sangue virar poeira...

terça-feira, junho 12, 2007

E-mails... e-mails... e-mails... Ohhh e-mails...

Aproveitando esta semana que a minha internet não está bloqueada no serviço para enviar alguns e-mails para alguns amigos, que não conversava frequentemente, devido a falta de Ânimo de chegar em casa e me conextar no MSN... Mas sabe como é, internet liberada no serviço é um verdadeiro atentado aos bons constumes de qualquer empresa.

Ainda mais quando você é o único funcionário de uma pequena empresa de desenvolvimento de software. Internet liberada é um absurdo, o serviço do seu funcionário nunca rende muito.

É gostoso poder escrever e-mails para os seus amigos sem precisar aguardar a hora do almoço ou então o final do expediente. O ruim é que as mensagens tem que ser digitados rapidamente, pois quando o som do teclado começa a ficar insistente demais os chefes desconfiam que algo está errado, e começam a olhar de rabo-de-olho, porque abuso é demais (eu concordo). Não que eu seja um funcionário preguiçoso e folgado, nmas sabe como é, trabalhar demais incomoda, é bom ter um tempinho para navegar por aí e verificar como andam as coisas.

Hoje na hora do almoço eu estava vendo os e-mails que eu havia enviado para os meus amigos e notei que realmente não sei se é muito bom escrever e-mails corridos. Encontrei pérolas nas linhas, tais como:

... testinho (Textinho);
... ele retiraram (Eles);
... ache bacana (achei);
... me canta uma coisa (conta)...


Esta é somente algumas das pérolas... Sei lá... Depois de reler os e-mails enviados fiquei com medo de enviar mensagens rápidas...

Mas sei lá... Que fique avisado... Eu não sou semi-analfabeto (ou será que eu sou?). Foi somente pressa mesmo, questão de não reler os e-mails, por favor, não me corrijam, isto me deixará chateado (ou não)... :o*

P.S.: Não deu tempo de ler o post, porque meus chefes estavam me olhando esquisito (novamente)... Então, se tiver um erro na tentativa de acalentar os outros erros... Fodas... Azar... Fudeu... Enfim... Faz vista grossa e deixa pra lá...

sábado, junho 09, 2007

Mínimas 3

Existe uma linha de ônibus de numeração 8001;
Existe um bairro de Sabará (divisa com Belo Horizonte) chamado Ana Lúcia;
As 18:00 de qualquer sexta-feira este bairro cabe inteiro dentro de um único ônibus...

segunda-feira, junho 04, 2007

::: Como escrever algo não visualizável?


O que se imagina quando se lê um texto? Acredito que o primeiro aspecto, tanto para quem lê quanto para quem escreve, é pensar, observar e destrinchar um plano de fundo. Mas como seria uma história sem um plano de fundo? Seria possível pensar em um conto sem um plano de fundo?

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

- Excerto do poema 'Ismália' de Alphonsus de Guimaraens


Até mesmo uma cena de suicídio bem escrito pensa-se no plano de fundo, céu, inferno, chão, torre, apartamento, janela, forca, corda e o caralho a quatro.

Fico imaginando a cena descrita por Baudelaire e su'A CARNIÇA', porque o corpo é o cenário, ou seria somente o corpo parte de um cenário paralelo? Ou seria simplesmente a existência do corpo que molda um cenário a partir da decomposição, o pó, a poeira, a decadência que mistura vermes e o início... Ou o fim... Ou nada... Ou simplesmente, o corpo existe para que algo floresça, ou para que nada exista amanhã?...

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A verdade é que não sinto saudade do meu curso de Letras, e a cada dia que passa tenho a certeza de que não nasci para fazer observação alguma sobre o texto alheio, nasci somente para apreciar a beleza descrita em linhas e imaginada em olhos cegos.
Sempre um péssimo observador...

Mas quem se importa? A verdade é que eu não tô nem aí. Definitivamente tenho a certeza e a convicção de que me graduei em um curso que não tem muito a ver comigo, portanto, devo começar outro curso até meados do ano que vem, não sei, a verdade é que eu não sei de nada. porra nenhuma... A verdade é que eu não queria mais escrever quando cheguei aqui, mas quando cheguei aqui, fiquei com preguiça de apagar o que eu já tinha escrito... então resolvi simplesmente...

Acabar.
(.)

terça-feira, maio 29, 2007

::: HÚMUS




A noite consumindo detritos de ontem...
Perfura as entranhas do que foi-feito-pedra-umdiaqualquer (sem 'hifienização')
Afoga saudosismos em aparências do nunca-mais-foi-mesma-coisa.
Perdoar os fracos, amadurecer os estúpidos e entupidos...
Florescer molhos de chaves que não abrem portas

Crescer... Crescer... Crescer...

Pare o mundo que alguém precisa descer, ou subir, ou simplesmente se-deixar-se-cair-se por aforismos... bestas...
Escritas tortas em garranchos azul-esferográfico...

Foi... Foi... Foi...

Porque eu não queria ser...
Nem sentir...
Eu queria ser eu ontem...
Eu queria ser ontem agora...
Eu queria agora ser húm(an)us...

Interjeições... Inapropriações... Desapropriações... letras minúsculas onde deveria existir maiúsculas... letras onde deveriam existir (espaços), espaços onde deveria existir __________________ (linhas brancas)...

Nada onde existir tudo...
X-...
XX...
XXXX oooo ----

Escrever em código morse já não faz mais sentido.

Cheiro... Sentido...
Ver... Tato...
Afora...
Lago...
Reduz...
747.

Imagem: Benett
Texto: R.

domingo, maio 13, 2007

...
mínimas 2

Parei de fumar. Fazem oito horas que não boto um cigarro na boca. (R. as 19:30 de sábado).

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Voltei a fumar. (a mesma pessoa as 21:42 do mesmo dia).

...
...
:::
recordar é viver...

::: FELICIDADE?

Por que a felicidade se parece tanto com a loucura? Por que felicidade se parece tanto com estar fazendo nada, sentado em um aconchegante sofá bege com os pés pra cima, somente pensando em um jardim que está florescendo no seu quintal?

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Visualizar, publicar, editar.
Aguardando publicação.
Carinhas felizes que terminam ao lado de um coração.
Uma paisagem grotesca com duas montanhas e um sol no alto, inserir imagem. Será que tudo isso foi intencional?
Quem pensou?
Um pessoa criativa.
Talvez.
Nunca saberei disso.
Nunca.
Nunca é um poema distante onde se troca vozes por silêncio.
Onde se sabe o que se quer e sempre se tem o que se precisa.
A teoria do "SE".
Se eu fosse um octógono eu teria muitos lados, se eu fosse um copo d'água seria incolor, seu eu fosse uma caneta tavez tivesse sentimentos e seu eu fosse uma puta eu fodia e fodia e fodia...

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Nada mais a declarar a minha felicidade acabou de se acabar.

sexta-feira, maio 11, 2007

Músicas da semana:

1. Furo - Campos de Lírio


2. Rancore - escadacronia


3. O Quarto das cinzas - Anoiteço


4. Claudia´s Parachute - Mile pale



Fonte:
Todas as músicas foram retiradas do site Trama Virtual, caso alguém tenha interesse basta clicar no nome de cada banda aí acima que será redirecionado para a página pessoal de cada uma delas.

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P.S.: Eu ia fazer um comentário sobre cada uma das músicas, mas vou me recolher a minha insignificância e vou me contentar em simplesmente não dizer nada, porque músicas não nascem pra ser comentadas. São uma mistura de amargo e adocicado, cheiro e gosto, é uma mistura de dor, cor, lágrimas e sorrisos.

Cada verso uma história que poderia ser contada por alguém de outra forma. Cada verso uma sensação, cada acorde um sonho sonhado em vão, uma pontuação qualquer, uma interrogação, uma reticência, um ponto final, muitas vezes uma exclamação... Nunca um parágrafo (não gosto de parágrafos), pois um parágrafo é e sempre será o marcador do início de algo, mas se resume em um espaço maior que os outros... porém... sempre... vazio... (como os outros)...

(eu ia dizer alguma coisa com porra nenhuma, mas ia ficar escroto se eu avacalhasse essa observação que havia começado tão bonitinha - e pra não perder o costume, bonitinha é o caralho - me contradizer é um hobby.).

quinta-feira, maio 10, 2007


...

"Acordam os temporais quando esqueço que a verdade é não esquecer. E quando a torre bate seis, por entre sete dedos dourados brotam minguantes folhas de hortelã. Hora para ver os roseirais e te levar para casa. E cheirar no seu hálito o gosto forte do meu primeiro sêmen da manhã. Se sua irmã soubesse com quem brincou a noite inteira.

A tarde, o domingo e a beirada de um precipício cheio de peixes dourados é água salgada, em cima da grama nossas bundas, as formigas e o seu olhar atravessando meu filtro solar. E mais alto, sem ninguém ver, gaivotas vermelhas menstruam sobre os roseirais a colheita de amanhã. Acontece quando não esperamos.

O que você tem para me dizer que tanto espera?

Um pouco cansado de repetir palavras inalterarando a ordem das frases. Não fui programado para esperar nem para sofrer paixões voluntárias. Cada apaixonar me aprisiona em um 'stand by' eterno pelo ser enamorado. Guardo todos e não ouso jogar fora nenhum. Não me disseram como apagar paixões, nem eu quero aprender. Sou só uma putinha e nada do que falo cabe para mim. Perco um tempo tentando entender como as pessoas sustentam o dia mantendo alguma sanidade. Como contam as horas até o anoitecer? E, quando finalmente anoitece, onde seria lógico estar até a próxima manhã, antes de ver os roseirais enfeitando o fundo da paisagem onde seu rosto repousa na contra luz da janela do meu carro às seis horas de um verão parado no
tempo. Ainda sinto o cheiro do meu sêmen a cada suspiro seu. Ainda sinto o vento quente bagunçando meus cabelos. Seque-me, ou rache em minha cabeça a garrafa de champanhe que você esconde para o próximo reveillon.
Doze ondas ou um desejo realizado?

Enquanto isso tatuo nos braços espirais de palavras em vermelho só para te contar mais uma história que nunca viví. Confundo o passado na memória real e fica ainda mais difícil distinguir o fato da imaginação. Não sei se o que lembro aconteceu. O tempo que leva para gastar um sabonete. A medida e a desmedida. A batalha, o jogo e a luta interminável entre os opostos. A agonia. Um ideal impossível contrariando inabalável o cotidiano. Todo dia. E eis que nasce a tragédia!

Pesadelos acordam quando esquecemos de trancar o portão que leva à fonte do esquecimento. Vamos lá, não beba dessa água.".


Este texto foi encontrado em um antigo e-mail enviado em 2004 a uma amiga que mora na França, no e-mail não encontrei a autoria do texto, não é meu pois não me lembro de ter escrito isso, definitivamente não me lembro definitivamente da autoria...

quarta-feira, maio 02, 2007

Hoje eu fudi minha simpatia. Eu não sei quando é que a gente faz essa simpatia, acho que é no dia de São Cosme e Damião ou sei lá o que, só sei que a gente tem que dizer o nome dos três reis magos e guardar 3 sementinhas de romã em uma nota de reais (geralmente a gente usa uma nota de 1 real, que é a que tem menor valor. Poxa, se a simpatia é pra ganhar dinheiro o que custa enrolar a bagaceira em uma nota de cinqüenta?). Enfim, estava mais duro que pau de tarado, não tinha dinheiro nem pra fazer xixi no banheiro da rodoviária... Desembrulhei a trouxinha, guardei as sementes no meu cinzeiro e fui até a padaria comprar cigarros...

Acho que a simpatia serviu pra alguma coisa neste ano... Com certeza serviu...

...goodbye you liar,
well you sipped from the cup but you don't own up to anything
then you think you will inspire
take apart your head
(and I wish I could inspire)
take apart your demons, then you add it to the list.
...

quinta-feira, abril 26, 2007

::: Mínimas

Já ouviu falar em 'vazamento' de informação? Grave alguns dados importantes em um CD-R ou RW da sua marca preferida, e depois que todos os dados estiverem inseridos tente cuspir no meio do CD... Taí... informação vazada...

segunda-feira, abril 23, 2007

::: O que é uma empresa?...

I
Segunda-feira é o pior dia da semana para os funcionários, sem sombra de dúvidas, Augusto chegou com o estômago meio baleado da comida da mamãe, chegou apertado, não deu tempo de fazer de chegar ao banheiro direito, foi arriando as calças e o primeiro respingo de merda foi parar no chão, gotinhas de merda ao lado do vaso sanitário e embaixo da pia... Depois foi um custo para limpar tudo usando papel higiênico...

II
Terça é o dia da faxina. Após 8 meses de empresa Dona Iara chega sempre as 07:00, a empresa abre as 08:00, ela fica na portaria reclamando que o pessoal demora pra abrir a porta, está difícil fazê-la entender que não tem ninguém na empresa neste horário para abrir a porta ainda.

Trabalha minunciosamente bem, tira todo o pó das persianas, das divisórias, dá uma geral nas mesas e logo em seguida começa a esfregar o chão, lava primeiro o banheiro dos homens, acha que os homens da empresa são porcos porque o chão está sempre sujo e marcado com sapatos, ela já consegue reconhecer os porcalhões pela sola do sapato, as marcas rajadinhas são de Augusto, o magrelo, as lisas são de Flávio, o marvado, as que tem listras onduladas são de Pisico, o surdo...

Dona Iara gosta bastante de água sanitária, toda terça é a mesma história, bebe um copo e joga o resto pro santo e o esfregão é que sempre acaba agradecendo, esfrega daqui, esfrega dali... E lá se foram as marcas do chão...

III
Quarta é o dia das reclamações, todo mundo reclamando que Dona Iara tirou os papéis do lugar e que não deixariam mais que a mesa fosse limpa por ela, que ela só fazia cagada e o caralho a quatro. Mas isso está mudando depois que o diretor executivo descobriu que o pessoal da área de vendas jogam as planilhas fora para ficar sem serviço na parte da manhã, e o pior de tudo é que até descobrirem isso Dona Iara já estava há muito tempo com a orelha chamuscada de tanto que falavam da coitada.

Toda quarta é dia de colocar as metas em prática, refazer as propostas e verificar porquer os clientes são importantes para empresa. A verdade é que os clientes não são importantes eles querem sempre ganhar em cima daquilo que nunca é deles, nem por direito e muito menos por ação judicial, a verdade é que os clientes são o maior problema de toda empresa (talvez seja por isso que eu ainda seja um pobre rapaz, não são os clientes quem pagam as contas? Só se forem as suas, na semana passada cortaram a minha luz por atraso e até hoje não religaram a maldita, cadê os clientes? Não disseram que eles pagariam as contas?).

IV
Quinta Pedro foi assaltado na porta do escritório enquanto levava o dinheiro para o banco as 10:45. O dono da empresa quase se engasgou com uma pastilha de chocolate sabor menta quando ficou sabendo do ocorrido.

É por isso que todo dono de empresa é odiado, o filho da puta ainda colocou a culpa no pobre Pedro dizendo que ele era lerdo e que não presta atenção nas coisas. Pedro ainda tentou se explicar com a voz embargada, mas não teve jeito, foi mandado embora. Entrou na justiça no mesmo dia pedindo indenização, os advogados estão falando que ele vai ganhar fácil fácil...

V
Sexta é o melhor dia da semana tem feijoada na hora do almoço e à tarde os funcionários fazem vaquinha para comprar uma coca-cola. O dia não rende muito, pois todo mundo fica batendo-papo e reclamando que o relógio está estragado.

O dono da emresa vai embora as 15:00 então o pessoal não faz nada realmente depois deste horário, tem gente que até tira o telefone da linha pra não correr o risco de um cliente afoito tentar ligar em busca de alguma informação, sabe como é, já são 17:00 e quem quiser falar alguma coisa que ligue na segunda, porque meu dia já foi bastante atribulado hoje...

VI
Sábado não tem expediente na empresa...

VII
Domingo não tem expediente na empresa... (Mas amanhã teremos notícias do nosso eficiente e seleto quadro de profissionais altamente qualificados)...

P.S.: Eu sei que a semana começa no domingo, mas se tratando de empresa, o 1º dia útil é realmente a atribulada segunda-feira...

segunda-feira, abril 16, 2007

A que ponto chegamos!?
Ridículo ou hilário?

sábado, abril 14, 2007

Da última vez que encontrei meu amigo C. ele me deu cds com MP3... Gosto demais dessa coisa de troca de informações musicais, experimento sobre sonoridades. Agrado desta idéia. No meio das musiquinhas tinha uma pasta de uma banda chamada Furo, que, pelo que eu me lembro, é uma banda daqui de Beagá, de um pessoal amigo/conhecido do nobre Sr. C.. Roubei a letra de um post que ele já havia feito para que outros possam experimentar novos sons. Quem quiser ouvir a música é só dar um play aí no final do post, me desculpo caso a execução esteja lenta, mas é que eu tive que colocá-la no 'geocities' o que, definitivamente deixa a transferência do arquivo bem mais lenta... Bem... Soboreiem porque a bagaceira é boa... Muito boa.

FURO
ESPERANÇA

(letra e música: Rafael Carneiro)

Só quero abrir meu zóio em paz
Imune à fixação por mais

Quem roubou nossa paz, nossa coragem?
- Feito esperança, ilusão desespera -
Carregou só pra si tudo mais que interessa

Me acalma ouvir “come as you are”
Me ajuda a fugir da cela
Afasta a incerteza de mim feito esperança

Desliga essa televisão e amplia a função da sala
Desvia a atenção da história parar pra cagar toda hora

Me irrita ouvir “we are the world”
E aquele discurso insosso
Meu dia ficou pra depois feito esperança

sábado, abril 07, 2007

::: 'Se' permitir ter medo

Olhares raivosos te tiram a sede e a vontade de foder,
Ditam regras nervosas do que poderia e do que não poderia ser feito.

Estonteante, essa seria a palavra da vez se Miloca não fosse tão sentimentalóide e realmente não tivesse tanto medo de se acabar em cinzas bobocas à se espalhar pelo vento.

Repreendida? Amargurada? Medrosa?

A verdade é que Miloca não é estonteante, e muito menos bela, e muito menos jovem, se você me perguntar eu realmente não saberia lhe responder porque criei uma amizade tão bacana com ela, talvez pela maneira 'jeca' como ela fala das coisas.

Miloca tem medo de quase tudo, chora por qualquer coisa, mas definitivamente não tem nenhum medo de abrir a boca e falar besteira. Ela fala sem pensar o tempo todo, cheguei a pensar que era charme, mas realmente ela não pensa muito para fazer isso, é algo que soa até bastante natural, talvez por isso ninguém a repreenda.

Coleciona selos postais usados...
... Em alguns é possível ver a data do carimbo do correio, alguns datam mês 07 de 1992, outros são mais enrugados e datam da década de 80, alguns simplesmente não tem data alguma, só um pedacinho negro do carimbo, uma espécia de tarja preta. Guarda-os cuidadosamente em uma caixa de fósforos gigantes.

Perde-se ao apreciar cada selo, talvez porque somente ela e mais ninguém realmente conheça e saiba o que representa cada um deles, cada história mal contada, cada sentimento reprimido, cada grão de pó, cada hipótese pífia.

Miloca caiiiiiuuuuu de uma altura desconhecida, mas todos sabem que ela não tinha asas, deve ter surtado, colou o selo mais antigo que tinha guardado em sua caixa de fósforo no ombro direito e despencou, talvez estivesse tentando se despachar/enviar para algum lugar, mas como o serviço público é uma porcaria e a encomenda não era registrada, na caixa de correio do destinatário nada além de um aviso de mercadoria estraviada.

domingo, abril 01, 2007


Em cada parede um gemido diferente, um momento inconstante, em cada nervura de tinta, um poema seduzido pela cor do mofo fluorescente.

Em cada porta um caminho diferente, uma hipótese de passos e pernas, mãos e abraços, uma história da qual se desconhece a autoria, se desconhece a verdade, se desconhece por inteiro a vivacidade.

Ironias e mentiras se soltam do teto como placas de cimento armado. Buraco por onde as folhas se permitiram entrar nos mais variados outonos e outubros amarelos. As janelas esquecidas pela vaidade da monofonia sussurrada por vestidos decadentes de armações de arame farpado.

Fôlego... Respira-se um ar carregado de saudade, carregado de um passado distante do presente enferrujado. Longe das sombras e da escuridão que se tornaram hóspedes já há algumas décadas. Poucas linhas para representar guerras, pestes, incumbências do amor e dos dias úmidos. Poucas linhas para representar a velhice que corrói o tempo.

Cada cisco de poeira é uma semente não germinada dos sonhos residentes do silêncio. A solidão que se ecoa no respiro e respingos das lágrimas que procuram desassossego.

Alguns sonhos foram deixados para trás, foram seduzidos pelo tempo, e ali permaneceram, embalados pelos silêncio das horas intermináveis, guardados pela poeira inerte, e pelo semblante despreocupado das folhas retorcidas nervosamente pela solidão dos gelados verões eternizados por um borrão de tinta guache...

... Fôlego...
... Ar...
... Desassossego...

quarta-feira, março 28, 2007

||| Pipeline

Eu gostaria de um novo pulmão pra poder sentir, mais uma vez, o cheiro do arroz com feijão que minha avó fazia, mas acho que um novo pulmão não seria sufuciente, pois minha avó morreu há alguns anos, então, nada de sentir cheiro de arroz com feijão porra nenhuma.

Eu gostaria de uma córnea nova, pra poder enchergar sem meus óculos de vidro a cor do asfalto da minha quadra.

Eu gostaria de um dedo médio maior pra poder insultar as pessoas sem que elas achassem que meu insulto indica alguma direção sobreposta sobre meu dedo indicador.

Eu gostaria de uma caneca de plástico, pra não precisar juntar e remoer cacos de vidro quando corações se esparramam da laje.

Eu gostaria de ouvidos novos, para ouvir sem sumbido as minhas caixas de som.

Eu gostaria de um rim capaz de filtrar todas as minhas palavras de baixo calão.

... Um estômago capaz de mastigar toda a amargura da minha língua desleixada...

... Um fígado que secasse qualquer angústia desmedida...

... Um útero que me relembrasse os pensamentos infantis...

... Uma linguagem limpa e compreensível ao cérebro dos outros...

Na verdade o que eu queria mesmo era um Atari 2600 Deluxe no natal...

terça-feira, março 27, 2007

||| RESENHA

Com o passar dos anos você vai começando a colocar no papel tudo o que você realmente fez de produtivo em sua vida, e o pior de tudo, é que a lista, na maioria das vezes, é curta.

Não tive grandes desejos e vontades em minha vida. A verdade é que tive uma vida pacata, poucas cicatrizes no corpo (só tive uma cicatriz ao longo de minha vida, graças a merda da cirurgia de próstata), muitos pêlos (menos na cabeça, defitivamente não entendo a má divisão de cabelo em meu corpo, sobra em muitos lugares falta em apenas um), poucos dentes me restaram, e os que restaram já não são lá muito fortes.

Antes de ontem estava com vinte e poucos anos, adormeci por algumas noites, e agora me vejo no espelho, uma pele flácida e enrugada. A verdade é que o tempo nos corrói de dentro para fora (acredito que não seja essa uma grande descoberta, na verdade, todos sabem disso, alguns simplesmente ignoram este simples fato).

Quando você estiver em uma idade avançada resenhar a vida em poucos tópicos não será muito difícil, acho que envelhecer te deixa incapaz de fazer qualquer coisa, menos, resenhar.

Resenhar:

- 700 ml de café por dia;
- 20 cigarros em 15 'agoras' vespertinos;
- 2 Comprimidos para dores no corpo;
- 1 para prisão de ventre;
- 3 para o glaucoma;
- 7 para a esquizofrenia;
- Quinta é o dia da máquina de lavar;
- Quarta o do ferro de passar;
- Sexta é o dia de beber cerveja sem álcool porque o seu organismo definitivamente já não consegue expelir tudo o que entra dentro dele;
- o 5º dia útil é o dia em que a aposentadoria cai em minha conta poupança;
- o 1º dia de cada mês é o dia do check-up no médico;
- o 10º dia é o dia de ir as compras, 50% do dinheiro vai para os 6 primeiros itens desta lista, 30% fica para as compras do mês; e os outros 20% eu deixo guardado para o caso de alguma emergência. (Fico pensando por que será que todo velho guarda um pouco das economias para algum tipo de 'emergência' especial? Deve ser só por segurança, pois acredito que todos temos consciência de que a única emergência que teremos será ligar para o 192 e solicitar uma ambulância - isso sim é emergência).

Enfim, resenhar a vida é algo não muito complexo quando você passa dos 65. Meus netos acham que ser velho é bom, pois eu não pago a passagem de ônibus. Realmente deve ser um alívio pensar que não preciso pagar para entrar em um ônibus lotado de estudantes cansados de estudar, trabalhar, beber, curtir a vida, namorar...

Eu tenho uma irmã um pouco mais velha do que eu, mas ela é uma vaca, e por este motivo não temos muito contato. Meus filhos queriam me colocar em um asilo, mandei eles para a casa de praia que comprei enquanto minha senhora era viva, agora cá estou eu, vivo... E resenhando vidas...
Ultimamente encontrando muitas coisas legais neste tal de You Tube. Essa semana encontrei um vídeo que eu achei simplesmente sublime. O vídeo abaixo foi criado pelo animador Dony Permedi, e ganhou o prêmio do You Tube como o vídeo "Mais Adorável".





P.S.: Que me desculpem aqueles que gostariam de ver somente linhas, mas, acho que essa coisa de vídeo realmente deve alterar, pelo menos momentaneamente a cara do meu blog. Até a próxima.

P.S2.: Que me desculpem os amigos que utilizam conexão discada.

Enjoy it...

sexta-feira, março 16, 2007

WEB 2.0 - THE MACHINE IS US




Web 2.0 - Achei este vídeo bacana demais, feito por um professor assistente de antropologia da universidade do Kansas. Blogs, links, Google, Yahoo... O termo web 2.0 foi um termo cunhado por Tim O'Reilly eleito recentemente como uma das 50 pessoas mais importantes desse mundinho chamado internet... Assistam ao vídeo. Vale a pena.

::: Taste and enjoy it

segunda-feira, março 05, 2007

::: Brincando com o tempo

Fiquei rico há dois anos atrás quando aprendi a fabricar algo precioso que todos precisam e sempre reclamam que estão sem. Aquelas duas horas à mais que você precisa para tirar mais uma com uma prostituta barata em um motel igualmente barato não é problema, é só falar comigo, resolvo o seu problema.

Problema com o prazo do trabalho, tá aí, eu não faço o seu trabalho mas posso prolongar um pouquinho o seu prazo.

Ultimamente todo mundo anda sem tempo... Tempo... Uma coisa abstrata que tornou real e concreta a expressão: 'Tempo é dinheiro!'.

Eu não prolongo vidas, de todos os males, este é o menos pior, pra que prolongar a vida? Se tu me pedisse isso eu me recusaria a atender. Não eu não virei Deus. O tempo estava ali, debaixo do paralelepípedo da quadra 747, era um relogio de bolso dourado. Achei, peguei pra mim, e agora fabrico tempo. Intermináveis horas de descanso,

...cinco cigarros no maço, acho que ainda dá pra se pensar em algo decente... Vamos lá, o texto começou ruim, puxa da memória cacete, você consegue. Na geladeira metade de uma fanta laranja sem gás, isso deve ajudar, vamos lá...

A verdade é que eu não gostaria de fabricar tempo. Tempo, prazos, datas, lembretes, calendários e o caralho a quatro. Por que será que todo mundo quer se tornar dono do tempo? O tempo não há de lhe trazer nenhuma verdade ao longo de sua vida, não vai lhe trazer mais sorte ou azar, não há de lhe prestar pra muita coisa. Tempo... Meu tempo ocioso rende textos medíocres, mas a maior das verdades é que o tempo é uma mentira afiada que lhe tira o sono, os bons momentos, lhe tira os rins e as tripas, lhe tira o pulmão, os amigos. O tempo deve ser um irmão mais velho, pronto pra lhe dar um sermão e um tapa na bunda.

O que é o tempo?
Eu gostava de uma musiquinha bonitinha que dizia... (como é que era mesmo a porra da música? Na verdade eu me esqueci, e tô sem saco pra lembrar, tempo eu tenho de sobra, mas não tenho saco, na verdade eu tenho, mas não era bem deste saco que eu estava falando, antes que alguém tire alguma conclusão precipitada).

Quer saber, você não terá tempo nenhum pra ler este texto, portanto, eu vou deixar ele aqui. Por terminar... Por que tempo ninguém tem... Ou será que tem...?

Se precisar de mais tempo ligue para (99) 999-9585, ou então liga pra pra sua operadora de telefonia e diz que você definitivamente precisa contratar mais minutos para falar algo que ninguém tem mais saco pra escutar...

(Eu realmente poderia ter pensado em algo melhor. - Depois de ter escrito esta frase eu fico me perguntando... Será que eu poderia mesmo? Não que eu duvide de mim, não que eu ache que estou ficando burro, mas sabe como é, cansaço mata a gente... E ultimamente ando sonolento)... Deve ser por isso... Claro... Sonolência... Apolônio, me traz o Dramim... Apolônio não é o meu mordomo... É o farmacêutico do Drogatel entrega... Será que você conseguiu chegar até aqui? Caralho, parabéns, você definitivamente não precisa de mais tempo em sua vida, na verdade você tem tempo de sobra...

domingo, janeiro 21, 2007

Quadra 747

Moro na quadra 747, onde os paralelepípedos enxugam as lágrimas oleosas do céu bolorento. A quadra onde os jovens passeiam de bicicletas côr de rosa com cestinhas de carregar mangas e goiabas que caem dos quintais vizinhos.

Moro na quadra 747, onde as pessoas plantam bolas azuis estreladas no centro dos jardins, onde o asfalto correu pra cima dos postes de iluminação pra esconder a luz do dia. Onde os telhados são pirulitos gigantes feitos de chocolate e sorrisos, todos com 32 dentes dentro da boca.

Na quadra 747 a chuva é feita de grãos café que se misturam com os flocos de leite em pó que caem como neve formando imensas poças densas e grossas de café com leite.

Moro na quadra 747, onde a infância ainda existe, onde pessoas morrem aos 365 anos de idade com o interior recheado de doces e guloseimas deliciosas para alimentar a fantasia daqueles que ainda estão pra nascer.

Na quadra 747, onde os jovens encontram esquinas para fechar a rua para a pelada de domingo, fazendo de nunves perdidas simples traves de gol. No fundo da quadra existe um rio vermelho feito de suco de groselha para que jovens e velhos exercitem os braços e praticarem natação.

Uma vez, quando era menino pequeno, surfei em uma estrela cadente que passeava alegre na noite de natal. Minha avó dizia que poderíamos fazer pedidos para as estrelas cadentes, que essas, sem dúvida, atenderiam nossos desejos. Me lembro que pedi várias coisas, mas me lembro de uma em especial, pedi que a quadra 747 fosse sempre daquele jeito, comestível e cheia de sonhos eternos, para que todos pudessem crescer ao som de cigarras de chocolate e besouros de bala de coco. Não sei até hoje se meu pedido foi atendido, fugi para crescer e nunca mais voltei à quadra 747, cresci e virei gente grande, arrumei um emprego, comprei uma casa e nunca mais tive contato com meus amigos que moravam na quadra 747, mas acredito que estejam até hoje surfando em estrelas cadentes nas noites de natal.

Existe um boato de que a quadra 747 foi o sonho de um menino grande que pintou com as próprias mãos um mundo fantástico e que, algumas pessoas, acreditando neste sonho, fizeram com que ele se tornasse realidade. E a quadra 747 nasceu assim, de uma verdade inventada, nasceu como um pontinho azul no centro da Terra, e foi crescendo, germinando, frutificando. Até que um dia, como que em uma imensa explosão, criou-se a quadra 747, formada de milhões de cacos de sonhos. Um paraíso no meio do nada, uma quadra numérica que nunca foi uma expressão matemática, mas que, com certeza, o resultado sempre dava um número oito deitado, que mais tarde me disseram ser o símbolo do infinito.

Fugi para uma quadra mais distante, nunca mais consegui encontrar o caminho de casa, nunca mais vi meus amigos ou parentes próximos. Fugi porque queria ser diferente, porque queria viver em um mundo grandioso. Achei que outra quadra me abraçaria com zelo, mas nenhuma quadra te abraça como a quadra 747, algumas delas até te chutam na altura do estômago para que você fique sem ar e chore como uma criança, dizem que gente grande não pode perder tempo chorando, pois o mundo jamais esperará que suas lágrimas sequem. Desde aquele dia, não sabia o que era dor, não sabia o que eram lágrimas. E depois de tudo isso chorei por não conseguir achar o caminho de volta. Tive que crescer, tive que aprender algumas coisas, mas em minha cabeça... Só restam as boas lembranças da minha querida quadra 747.

A quadra 747, ali, logo depois do arco-íris de bala de goma, na esquina dos sorvetes que nunca derretem, dos sonhos que sempre crescem e dos jovens que nunca fogem... Eles não precisam, crescem tranquilos, sabem que, por melhor que tenha sido o seu dia, nada se comprara com a volta para casa, nada se compara a voltar... Voltar para a quadra 747...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Enquanto você dorme

Enquanto você dorme, as horas passam

Eu não percebo, eu não respiro

Cuidadoso e enternecido

Decoro cada sarda

Enquanto as horas passam

Numa outra realidade

Eu faço milhares de planos

Penso em cada detalhe

E vivo tantas vidas

Todas elas do seu lado

Enquanto você dorme, eu me perco

Conto mais de mil histórias

Sinto a vida, seda macia

E o odor adocicado

Sinto o meu corpo cansado

Enquanto as horas passam

Eu ouço apenas o silêncio

Das mãos desamparadas

Dos traços, escondidos

Da voz, açucarada

Enquanto você dorme

Eu sei tudo de cabeça

E mesmo de olhos fechados

Eu guardo cada detalhe

De quem dorme ao meu lado

Enquanto as horas passam

quarta-feira, janeiro 10, 2007


2007 é uma vadia que se aninhou nos braços largos de um apêndice supurado.
Chegou embebedando peles aidéticas e tumores repositórios, assim mesmo, meio que desavisada, quando todos menos esperavam, lá apareceu ela 2007, no feminino, porque 2007 no masculino nada mais é que um ano para novos modelos de carro.

2007 no feminino é um amontoado de bagunças, livros não lidos, guimbas e inundações jovens que nascem e morrem em poucas semanas. 2007 é um quarto onde os párias repousam levemente a cabeça cansada dos artigos instituídos por instituições não governamentais.

2007 no feminino vai virar 2007 no masculino, daqui a exatamente 325 dias, vai ao baile de final de ano, vai trepar com algum suicida pra poder parir 2008. a filha mais nova, mas que também morrerá prematuramente... Às vésperas de completar um ano de idade.

2007 é uma vadia que gosta de batida e cocaína líqüida. Gosta de oxigênio em pó e música alta. Gosta de máquinas de escrever elétricas e de esferográficas azuis. Gosta de tetas e bocetas com pentelho. Gosta de homens magros e de olhos verde limão.

2007 é a prosódia de São Raimundo. É a tarde do caos, é a virgem cega dos cacos de vidro, é a lousa mágica dos poemas mal pensados, meticulosamente planejada no fim de todo do 30 que começa dia 0...

2007 é uma 'string' (com um número indefinido de caracteres). Tem somente um pulmão direito, o outro, com certeza é esquerdo e respira mais acelerado que o direito, mas no fim das contas o direito sempre leva vantagem sobre o esquerdo, porque com certe alguém sempre se cansa primeiro).

2007 dorme nas sargetas e não sabe porque nasceu...
Nasceu para parir alguém...
Nasceu pra virar masculino e criar novos modelos de carro...
2007 nasceu.
E com ele um post idiota.
Feliz 2007... No feminino.