quinta-feira, março 18, 2010

Lar São José Boaventura

A noite acorda...
Melecas pregadas nos olhos e um bocejo,
Lampejos de um dia morto.
Pessoas e feridas adormecem enquanto úlceras e tromboses aparecem.
Rostos inchados, cansados de respirar o último suspiro.
Um sopro apaga uma vela.
No canto esquerdo uma capela.
No altar, um menino mirrado ajoelha-se por um pedaço sólido de coisaalguma
Leia seu horóscopo intempestivo.
Bocas purulentas vomitam neon vermelho.
Adocicado.
Qual o sabor da sua sorte?
Querer, estar, conseguir, concretizar, verbos que não dizem nada, passam a ser somente uma representação do que lhe desejam amanhã, para que você não se esqueça de acontecer.
O peito consumido por algo bem maior e doloroso que o amor.
Amor algum.
O sino ressoa boas novas.
Uma vida inteira.
Vida nenhuma.
Sorria, ajoelhe-se, peça, agradeça.
Amanhã vai chegar, e talvez...
Talvez...
Talvez...
Talvez...
Talvez...
Talvez...
A flor que você plantou naquele buraco no meio do cimento...
Cresça...
Flor da possibilidade.
Para que, talvez.
A noite consiga adormecer.