quinta-feira, junho 28, 2007

::: Todo fanático é ignorante

O vicio do cigarro, como qualquer outro vicio não vem de Deus, se não vem de Deus, é pecado...


Frederico era voluntário no Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro. Frederico fumava 45 cigarros por dia, mas mesmo assim achava que existia alguma dignidade em ajudar os desesperados que precisavam deixar de poluir a atmosfera com baforadas cinzas.

O corpo já não ajudava muito, a meia idade havia chegado precocemente aos 26, não conseguia mais se abaixar para pegar os cigarros quando alguns caiam no chão, o corpo reclamava. Quando precisava repousar uma 'cigarrilha' já acessa, ou utilizava o cinzeiro, ou então tinha que fazê-lo repousando-a em uma muretinha que havia sido construída para cercar a castanheira do jardim do Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro.

A empresa, como qualquer outra empresa, não gostava de funcionários fumantes, Frederico havia ganhado um curso para largar o seu vício e poder se empenhar mais em seus dias de labuta no Centro de Tratamento Voluntariado Para Pessoas Que Desejam Largar o Vício do Cigarro, mas não teve interesse em fazer o curso, disse que preferia dormir.

A função de Frederico - além de incentivar os fumantes (que querem ganhar prefixo ex-) com palestras e vídeos educativos que mostram os malefícios desta bosta que vem aos montes em um pequeno maço de cores chamativas - era meramente administrativa. No começo ele ficava impressionado com os vídeos, chegou até a fumar menos na primeira semana, mas com o tempo foi se acostumando, agora não se deixava vencer. Se considerava uma pessoa de opinião, pois, em qualquer uma das circustâncias, era uma pessoa que não se deixava influenciar. - Enfim, sua função era meramente administrativa, era ele quem entrava em contato com o governo para o repasse de verba, sua função era remunerada, participava das palestras por gosto, vontade de ver pessoas desconhecidas vencerem o vício (esta outra era realmente voluntária).

Não entende muito bem esta coisa de vícios, acha que todo mundo tem vício de alguma coisa, porque é que os fumantes são a classe mais pária da ramificação de vícios? Tem gente que é viciado em Coca-cola, benzina, heroína, jóias, dinheiro dos outros, corridas de carro, futebol etc. Ele era somente uma pessoa que fumava e nada mais, por que seu vício tinha que ser domado?

Fazia questão de não entender.

Não ouvir...

Quando era recriminado por seu vício e incetivavam-no a largá-lo, Frederico ficava nervoso e estressado, e então, ascendia um cigarro para relaxar.

E assim morreu aos 27... Atropelado por um ônibus azul.

quinta-feira, junho 21, 2007

::: Amanheço

Por onde passas senhorita?
Beijando tripas e caminhando em quatro patas!

Ontem comi o inverno inteirinho no café da manhã...
Senti o vento gelado e as nuvens negras em meu estômago.

Cheiro adocicado de esperma e espasmos de alguém que não pode saber...
Sentido pra quem não sabe de nada, dos olhos que nada vêem...

Enquanto caminhavas, passeavas e encolhia, serelepe seus trocados no fundo da bolsa, fiz de mim temporal, me matei por dentro, me esqueci de mim...

Meus caninos devoraram minha língua, meus lábios e meu sono.
Me atrevi a cogitar e regurgitar penhores...

O som de uma viola velha e apagada em qualquer caminho.
Esquecida debaixo do ipê,
Enrugada pela vida,
Amolecida pela língua que tudo fala...

Esqueça a juventude...
Amanheça depois de manhã...

Quando o sol se esquecer de nascer,
Quando a lua mergulhar no balde de roupa suja...
Quando as palavras se esquecerem de acordar...
Quando as nuvens se transformarem em piadinhas infames de maus delitos.

Quando tudo virar nada...
Quando sangue virar poeira...

terça-feira, junho 12, 2007

E-mails... e-mails... e-mails... Ohhh e-mails...

Aproveitando esta semana que a minha internet não está bloqueada no serviço para enviar alguns e-mails para alguns amigos, que não conversava frequentemente, devido a falta de Ânimo de chegar em casa e me conextar no MSN... Mas sabe como é, internet liberada no serviço é um verdadeiro atentado aos bons constumes de qualquer empresa.

Ainda mais quando você é o único funcionário de uma pequena empresa de desenvolvimento de software. Internet liberada é um absurdo, o serviço do seu funcionário nunca rende muito.

É gostoso poder escrever e-mails para os seus amigos sem precisar aguardar a hora do almoço ou então o final do expediente. O ruim é que as mensagens tem que ser digitados rapidamente, pois quando o som do teclado começa a ficar insistente demais os chefes desconfiam que algo está errado, e começam a olhar de rabo-de-olho, porque abuso é demais (eu concordo). Não que eu seja um funcionário preguiçoso e folgado, nmas sabe como é, trabalhar demais incomoda, é bom ter um tempinho para navegar por aí e verificar como andam as coisas.

Hoje na hora do almoço eu estava vendo os e-mails que eu havia enviado para os meus amigos e notei que realmente não sei se é muito bom escrever e-mails corridos. Encontrei pérolas nas linhas, tais como:

... testinho (Textinho);
... ele retiraram (Eles);
... ache bacana (achei);
... me canta uma coisa (conta)...


Esta é somente algumas das pérolas... Sei lá... Depois de reler os e-mails enviados fiquei com medo de enviar mensagens rápidas...

Mas sei lá... Que fique avisado... Eu não sou semi-analfabeto (ou será que eu sou?). Foi somente pressa mesmo, questão de não reler os e-mails, por favor, não me corrijam, isto me deixará chateado (ou não)... :o*

P.S.: Não deu tempo de ler o post, porque meus chefes estavam me olhando esquisito (novamente)... Então, se tiver um erro na tentativa de acalentar os outros erros... Fodas... Azar... Fudeu... Enfim... Faz vista grossa e deixa pra lá...

sábado, junho 09, 2007

Mínimas 3

Existe uma linha de ônibus de numeração 8001;
Existe um bairro de Sabará (divisa com Belo Horizonte) chamado Ana Lúcia;
As 18:00 de qualquer sexta-feira este bairro cabe inteiro dentro de um único ônibus...

segunda-feira, junho 04, 2007

::: Como escrever algo não visualizável?


O que se imagina quando se lê um texto? Acredito que o primeiro aspecto, tanto para quem lê quanto para quem escreve, é pensar, observar e destrinchar um plano de fundo. Mas como seria uma história sem um plano de fundo? Seria possível pensar em um conto sem um plano de fundo?

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

- Excerto do poema 'Ismália' de Alphonsus de Guimaraens


Até mesmo uma cena de suicídio bem escrito pensa-se no plano de fundo, céu, inferno, chão, torre, apartamento, janela, forca, corda e o caralho a quatro.

Fico imaginando a cena descrita por Baudelaire e su'A CARNIÇA', porque o corpo é o cenário, ou seria somente o corpo parte de um cenário paralelo? Ou seria simplesmente a existência do corpo que molda um cenário a partir da decomposição, o pó, a poeira, a decadência que mistura vermes e o início... Ou o fim... Ou nada... Ou simplesmente, o corpo existe para que algo floresça, ou para que nada exista amanhã?...

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A verdade é que não sinto saudade do meu curso de Letras, e a cada dia que passa tenho a certeza de que não nasci para fazer observação alguma sobre o texto alheio, nasci somente para apreciar a beleza descrita em linhas e imaginada em olhos cegos.
Sempre um péssimo observador...

Mas quem se importa? A verdade é que eu não tô nem aí. Definitivamente tenho a certeza e a convicção de que me graduei em um curso que não tem muito a ver comigo, portanto, devo começar outro curso até meados do ano que vem, não sei, a verdade é que eu não sei de nada. porra nenhuma... A verdade é que eu não queria mais escrever quando cheguei aqui, mas quando cheguei aqui, fiquei com preguiça de apagar o que eu já tinha escrito... então resolvi simplesmente...

Acabar.
(.)