terça-feira, agosto 07, 2007

::: Firmina

Cabritinha nova e macia, cheia de manias e meiguices tolas de menina moça começando a desabrochar e virar vadia.
Gosta de vestidos de seda e de perfumes com cheiro de orvalho. A maquilagem tem que ser suave, não gosta de tons roxos ou escuros demais por sobre as pálpebras. Batons vermelhos chamam a atenção demais, prefere os de coloração mais 'transparente'. Gosta de sandálias baixas, mas à noite prefere o salto alto. Acha que salto ajuda a deixar a bundinha mais bonita e atraente. Talvez seja coisa de menina...

Amiga de Patrícia e inimiga de Felícia. As rixas são naturais, acredita que isto tempera a vida... A tal da emoção... O que seria da vida se não precisasse se preocupasse em atingir sua inimiga? O que seria da vida se ela (a vida) fosse somente curtição com a(s) amiga(s)?

Firmina era virgem mas se achava experiente demais só porque chupou o pau do filho do seu Ziza, que era o padeiro do bairro. O filho do seu Ziza se chamava Onofre, e tinha apenas 12 anos. Onofre trocou meia dúzia de pães, quatro litros de leite e duas paçocas pelo fenomenal boquete de Firmina. A verdade é que ele nem era tão fenomenal assim, pois foi o primeiro boquete que Firmina fizera na vida, porém, também foi o primeiro boquete que Onofre recebera na vida, talvez realmente tenha sido fenomenal. - Não dá pra saber, estou somente contando a história, é complicado descrever tudo em detalhes.

É certo que Firmina maquiou um pouco a história, na versão dela ela havia feito isso com um empreendedor, um homem bem mais velho e que sabia tratar muito bem uma mulher. Mas enfim, ninguém além de Onofre sabia da história, então não tinha como desmentirem a versão de Firmina. E tanto fazia, porque ela nunca havia desmentido que havia chupado um pau, somente havia mentido sobre o dono do pau... E tanto faz, porque todo mundo sabia que ela já tinha pagado um boquete.

Patrícia tinha grande apreço pela amiga, achava tudo o que Firmina fazia simplesmente demais. As duas queriam ser irmãs, mas como não foi possível que isso ocorresse biológica e naturalmente, forçaram um pacto de sangue-cuspe-beijo-dedinho-no-cu para representarem esta irmandade bonita.

Patrícia era bonita, alguns diziam que era até mais bonita que Firmina, porém, sofria de baixa estima, e isso a fazia, com certeza, menos interessante que a amiga. Patrícia nunca tinha pagado boquete para o filho do padeiro, mas já tinha enfiado um nabo no rabo para saber qual era a sensação. E por incrível que pareça, gostou da sensação de sentir o nabo enfiado no cu enquanto acariciava o grelho com os dedinhos. Nunca havia contado esta experiência para ninguém, nem mesmo para a amiga. Vê se pode, o que Firmina ia pensar se soubesse que a amiga saia por aí enviando hortifrutigranjeiros no rabo? Acha que se contasse isso para a amiga, Firmina nunca mais deixaria que sua mãe chamasse Patrícia para ver como estava maravilhosa a sua horta que crescia no fundo do quintal.

A inimiga de Firmina e conseqüentemente, de Patrícia, tornou-se inimiga simplesmente porque havia soltado um boato por aí dizendo que as meninas tinham um caso e que eram lésbicas. Quando o boato começou a circular pela cidade, fudeu tudo, já viu como é boato em cidade pequena, cresce que nem chuchu na cerca, maior porcaria que tem.

E para se vingarem, Firmina e Patrícia inventaram que Felícia havia sido molestada pelo bode Tomé. A cidade ficou em polvorosa, uma pobre menina deflorada por um bode, onde já se viu uma coisa dessas? O boato custou a vida do bode. Mas pelo menos a carne estava boa.

...Parênteses - comida e literatura não combinam muito bem, eu parei de escrever para fazer um lanchinho e quando voltei, nada, minha história simplesmente havia acabado, não conseguia pensar num desfecho, e eis que veio a brilhante idéia de deixar pra escrever o final depois, mas aí eu fiquei pensando e matutando e mesmo tendo a brilhante idéia de deixar para amanhã ou para seiláquando o que eu poderia fazer hoje, eu resolvi, mais uma vez me contrariar e terminar o texto hoje mesmo, portanto, se o final não prestar, escrevam um melhor vocês mesmos, vocês devem ter alguma idéia brilhante, com certeza muito mais do que a minha - Fecha parênteses...

F-I-M:
Patrícia e Firmina fizeram 19, deram o primeiro beijo (uma na outra) na festa de São Roque da Serra (padroeiro da cidade). Fugiram para Las Vegas de Jequitibá (cidade das redondezas) e atualmente trabalham em uma lanchonete servindo as mesas. Patrícia gosta de ser molestada. Firmina não. Patrícia já trepou com vários fregueses no banheiro da lanchonete, enquanto Firmina simplesmente serve mesas e bebe os drinques que alguns clientes pagam. O último drinque foi pago por Padre João (o Padre da sua antiga cidade)...

Felícia continuou na cidade, não foi para Las Vegas de Jequitibá. Aos 19 cedeu o rabinho para o Padre João, pois ele não queria engravidar a menina. Felícia descobriu que Padre João é o maior evangelizador de 'cus' que ela já conhecera. Já comeu o cu de todo mundo (todo mundo = a cidade inteira). Menos o de Firmina... Pois ela se mudara antes que ele pudesse mostrar à ela o caminho da luz...

No mês passado Padre João resolveu se transferir para a paróquia de La Madresita Del Cassino Rey, na província de Las Vegas de Jequitibá... Estaria Padre João agindo de caso pensado? Porque se transferira justamente para a cidade da perdição, a cidade onde o último Padre havia sido confundido com o boneco Judas e foi Malhado e queimado no 'Sábado de Aleluia'? Estaria Padre João atrás do último cu de sua coleção?

Não sei... Não tive mais notícias depois disso, tive que parar para trabalhar e não mais tive tempo de escrever... E também não recebi cartas com notícias fresquinhas dos últimos fatos ocorridos na cidade... Mas talvez algum dia ele (Padre João) resolva escrever um livro sobre suas estórias e catequizações. Até lá... Aguardamos notícias...