quarta-feira, janeiro 25, 2006


Porque a vida é um amontoado de poesias mal escritas, guimbas que nascem no céu desesperado do amargor despreocupado, de quem um dia... nasceu grande pra se acabar pequeno...

quarta-feira, janeiro 18, 2006


A curta Estória que queria ser grande

Era uma vez uma Estória, que começava com: 'Era uma vez' e terminava com: 'E viveram felizes para sempre'. Mas o que a historinha queria mesmo é deixar de lado essa viadagem de contos de fadas pra poder enfim, crescer. Na verdade, a pequena Estória queria mesmo é ser enredo de novela das oito, cheia de lágrimas e dramas intermináveis, que o autor vai prolongando de acordo com a aceitação do público.

O céu eram risos intermináveis, ela queria é que o céu fossem lágrimas ácidas que lhe cortassem a carne, para que ela pudesse enfim, chorar.

Pequenas Estórias sempre se repetem na vitrola que toca disquinhos infantis, mas o sonho dela era ser narrada no rádio por algum locutor de voz doce, alguém que ao lê-la fizesse com que as senhoras de respeito molhassem as calcinhas e que suassem frio, deixando que florescesse todo aquele desejo tímido que as fizeram crer de que sexo deveria ser feito só para fins de procriação.

Mas a pequena Estória morreu com a censura. Alguém achou que no trecho em que o personagem principal aos 5 anos de idade ia ao bosque de mãos dadas com sua amiga de idade igual, ou inferior a sua, era algo que remetia à: 'ovelhas desgarradas que são levadas publicamente ao facismo por mãos amigas'. E até ontem ela se encontrava lá, arquivada em um arquivo público com a tarja: CENSURADO! E a pequena Estória foi encontrada há pouco tempo atrás, queimada com arquivos da ditadura em uma base militar do exército do seu país.

E para aqueles que não botavam fé na pequena Estória, ela não cresceu... Mas fez crescer, pois virou adubo orgânico, e árvores e folhas sussuram seu nome...

FIM.


BLEEEERRRRGGGGHHHHH

segunda-feira, janeiro 09, 2006


Banzo e escoliose, olfato e paladar aguçados

Vindo pro trabalho, depois de passar uma noite em claro, sem pregar as pálpebras por um minuto sequer. Nada de sono. Pois bem, vinha eu caminhando tranquila e sonolentamente em busca do ócio. Engraçada essa coisa, busca-se o ócio no local de trabalho. Aqui é assim, tudo ao contrário, alguém com uma mente bem mais brilhante que a minha talvez gostasse desse tipo de coisa pra inventar uma fabulosa história de ficção, vai lá saber...

Pois bem, mas voltando ao meu sonolento trajeto, estava eu ali, caminhando tranquilamente, quando me veio à mente trechos de um livro do Moacyr Scliar que eu havia lido no dia anterior a noite não dormida, e me vi dentro dessa história, a única diferença é que ao invés de Benjamim, eu continuava sendo eu, o que, na pior das hipóteses, poderia dar a esse texto, o contexto de tragédia grega (isso deveria soar engraçado, mas quando não se dorme o dia fica péssimo para piadinhas infames), e ao invés de desbravar as redondezas da Europa antes da segunda guerra, eu não tinha saído sequer do bairro onde eu trabalhava, uma observação simples, que nada deve alterar o curso dessa historinha medíocre. E ao invés de encontrar com meu amor platônico, ao invés de ser comunista, ao invés de conversar com Kafka, ao invés de ter Trotski como ídolo, eu simplesmente tinha a intenção de observar, nada mais que observar. A verdade é que se fosse eu quem escrevesse a história, ela seria monótona e sem cunhos emotivos aparentes. A única coisa que pude fazer ao desbravar o 'bairro da labuta', foi observar as coisas minunciosamente com dois de meus cinco sentidos (até que os médicos me digam o contrário, falta de massa encefálica deve ser uma perda enorme, talvez os sentidos nem sintam tanta falta dela assim, talvez seja por isso que eu não sinto muito bem o cheiro das coisas, com certeza deve ser culpa da falta de massa encefálica).

Caminhava eu e meus dois sentidos (os únicos que realmente utilizei nessa 'desbravata' - olfato e visão), e percebi que o 'bairro da labuta', apesar de ser um dos mais luxuosos locais da minha pequena roça iluminada, vulgo, capital de Minas, é um dos lugares mais porcos pra se viver, minha aventura se deu por base da bomba química que fui sujeito a aguentar, pois alguma coisa realmente fedia muito, tampei as narinas com a gola da minha blusa e fui, seguindo em frente com a minha missão (só mais tarde percebi que a tal bomba química vinha de dentro de mim mesmo). Quando eu achei que tudo correria tranquilamente dali em diante, que realmente seria fácil chegar finalmente ao local desejado, me deparo com um monte de bosta de cachorro, com certeza aquilo deveria ser um cachorro gigante, um cachorriulius rex, cuja forma e tamanho ainda me é desconhecido, mas prometo voltar aqui para contar após algumas pesquisas por parte da minha parceira de codinome 'google' (alguns de vocês com certeza já devem conhecê-la, bastante eficiente a mocinha), pelo tamanho do escremento, imagino que o cachorro devia ser um pouco maior que um cavalo, ou uma égua (o sexo com certeza não deve influenciar muito no tamanho do animal, mas é melhor não falar bobagem antes de ter certeza), pois bem, reescrevo a linha de cima, o bichano, de sexo ainda indefinido, com certeza deveria ser enorme, e aquilo, com certeza me deixou apreensivo, o mais intrigante é que a cada passo que eu dava, via uma pequena quantidade de bosta a me perseguir, e descobri que os cachorrinhos das pessoas da mais alta estirpe, defecavam/cagavam por toda a área que meus pés decidiam pisotear.

Enfim, depois dessa nojenta e repugnante missão, cheguei ao meu local de trabalho, bem mais desperto do que antes, pois o sono dera lugar, a algum tipo de êxtase matinal, talvez fosse o cheiro do cocô gigante que tivesse me despertado. Imaginei agora comigo, se utilizam guaraná em pó pra dar vigor físico, porque não comercializar cheiro ruim de bosta de cachorro gigante? Você pode inalar, simples, óbvio, inalar, nada de ficar misturando alguma coisa com água para dar origem a uma mistura com gosto de terra e que te deixa 'acesso', você pode utilizá-la em sua forma bruta, sendo desnecessária a lapidação. Pois é, pensei nisso, eu realmente estava pensando nessa coisa de abrir meu próprio negócio, de me tornar o homem do ano na capa da revista 'Fortune'!!! Meus amigos, podem esperar, aguardem notíciar minhas... Até mais ver!

sexta-feira, janeiro 06, 2006



Sexta-feia

Sérios problemas pra levantar o corpo da cama quando a chuva encobre a luz do dia, vontade nenhuma de erguer o corpo magricela da superfície horizontal, a ordem do dia é: VEGETAR!

Impossível, querem sempre uma vida mais produtiva, rotina: ônibus lotado, pessoas molhadas com cheiro esquisito, janelas completamente fechadas, FALTA DE AR.

A vitamina que tomei na parte da manhã não sustenta as três bocas do meu estômago, barulhos estranhos, regurgitações.

No trabalho, alcatrão e nicotina no interior do pulmão enquanto um delicioso copo d'água é saboreado.

Conversas esquizofrênicas com a minha cosciência, e a sensação de que a palavra do dia com certeza era a melhor pedida desde o começo do dia: VEGETAR - pelo menos hoje, sexta-feia de verão, cinza, chuvosa, horrenda... Socorro: Haaaaaaahhhhh!

quinta-feira, janeiro 05, 2006


As malditas torradas e a pança

Daqueles dias frios em que se come sopa afogadas em torradinhas feitas com rodelas de pão fracês fatiado, levemente salpicado com manteiga antes de ir ao forno, geralmente, come-se um ou, no máximo, dois pães por dia, mas quando mamãe faz essas malditas torradas, come-se um mundarel de pão com manteiga sem nem se perceber, e lá se vai o quarto paozinho da noite. E a pança agradece, você realmente acha o gosto daquilo tudo muito bom, crocante, apetitoso, mas que merda, você não entende porque seu estômago começa a recusar mais um pedacinho de pão. 'VAmos lá barriga, só mais esse pedacinho, tão pequenininho, mastiga pança, mastiga'.

A partir de agora, quando me olho no espelho, começo a ficar pensativo, caralho, eu sempre disse que não ia me transformar em um daqueles velhotes sebentos com barrigas enormes, pois é, a barriga já tá aparecendo... Quem sabe o sebo não chegue nas festividades do próximo ano? E viva a comida... Quem discorda... Compra soro na farmácia... E bon appétit, mon ami...

::: Quem quiser algo mais digerível!!!!