quinta-feira, junho 26, 2008

Pontos Cardeais

I

Acordado às 3 da madrugada. Brotoeja parindo musgos escondidos entre-dedos sem unha e livros amarelados. Uma voz petulante ronrona pesadelos, traços, lampejos de um dia produtivamente insosso.

II

Um sapo-boi coaxa no sertão em cima de um cacto roxo.

III

Por sob pés, o som de folhas secas se desfazendo alisa almas vazias. Arando um deserto de areia e cal que frutifica solidão. Uma boca faminta lacrimeja sono por entre pupilas, enquanto guimbas repousam sobre roseiras ofegantes.

IV

Vacas adormecem nos pastos. Um cão sarnento se coça em frente a uma capela descampada. Dois gravetos santificam o que não há. Do céu fumaça cai sopa de letras.

V

Papéis de parede refletem prédios, casas e estradas. Bocas purulentas vomitam neon vermelho e pintam cidades, frutificam verbos... Pisoteiam arco-íris como se fossem bosta de gado.

VI

Mas baixo colidem trejeitos. Orgulho mata moinhos de vento. Em um quarto escuro gritos e absurdos paridos de ouvidos-parede. Dedos tilintam substantivos e magoam adjetivos. Inerte no canto, um floco de poeira que queria ser tijolo.

VII

Uma gargalhada ecoa e um coração destoa. Cacos e assombros de ontem. Hoje tão cinza. Uma suave brisa vagueia cabisbaixa, por entre rostos hipotérmicos. Um canto mudo nina uma criança que não dorme. Olhos apavorados.

VIII

Alguém adormece tranquilo, outrem adormece sedado por causa de uma cárie que incomodava a voz de um louva-deus. Amor e ódio cruzam dedos e se esfaqueiam. Uma bomba explode cabeças do lado de lá. Um coração cansado adormece do lado de cá.

IX

Pare, olhe, atenção. Olha de um lado, olha de outro. Chegamos a metrópole desenfreada. Que cresce por sobre lápides e ninam crianças com epitáfios. Qualquer hora, qualquer dia. Time is money! Fica mais um pouco. Não dá. Até logo. Até breve. Até nunca mais. Te prometo cada dia um conto. Uma história, um desmanzelo, um copo com água, um sorriso. Não dá. Até logo. Até breve. Até nunca mais. Parirei uma árvore com o seu nome, um livro póstumo dedicado, uma folha verde, um céu azul, uma trejeito de mim, um agora amanhã, uma falha para momentos, uma idéia por contento e um sonho por seus pensamentos. Não dá. Até logo. Até breve. Até nunca mais. Te faço aqui, ali e acolá, te dou música, letras e um oboé, te faço harpa, dedos e hortelã, te broto filho, te caso comigo, te gosto desde agora, hidrato sua pele com barro, te volto as origens, te grito um suspiro e te incomodo dia nenhum. Não dá. Até logo. Até breve. Até nunca mais. Tudo. Não quero nada.

X

Qual a cor da sua gargalhada? Mal acostumada com uma poética desgraçada e um dormitar de dentes e calos e fibras de vidro. Corta madeira, me passa os pregos, cola quente colando corpos. Acrílico. Um avião cai no milharal porque o passageiro não sabia voar em um avião sem brevê. Um gato se limpa sobre a cama. Um dente embaixo do travesseiro se vira e transforma-se em cal.

XI

Qual é o seu sonho? Quantos anos você tem? Qual a idade da sua casa? Há quantas quadras você vem? Uma hipótese! Um ímã de geladeira segura caos. Um dança, um aconchego, um beijo e estrelas no céu da boca. Um carro distancia devaneios. A pressa!

XII

Um abrigo de sonhos. Pálpebras assustadas. Um assopro, um respiro. Descanse em paz.

terça-feira, junho 17, 2008

Paradeiros e destinos

Eliomar acabara de fazer seus vinte e poucos anos, e queria sair por aí, não tinha um rumo certo, queria conhecer lugares esquisitos, outros nem tanto, alguns até belos devido a disposição e a organização de uma sociedade sempre em mutação, enfim, queria conhecer o mundo da forma como ele era proposto.

Na mochila, um punhado de maldizeres da mãe, uns trocados do pai, um mp3 player com as músicas da irmã, e duas peças de roupa que ganhara no último dia dos namorados. Nos pés um par de sapatos que ganhara da avó.

1ª Parada: "Misantrópolis". Não viu pessoas, mas as contruções eram simples e belas. As casas não eram rodeadas por muros, uma simples cerquinha branca rodeava os casebres. O cheiro da solidão entrava corriqueira e tranquilamente em suas narinas e repousava pesadamente em seus pulmões. De dentro de uma das casas alguém gritou: "O que fazes aqui? Você tem passaporte? Como chegou até aqui? Quem te deixou passar na fronteira?" - Silêncio.

Não houveram novas perguntas, e, caso houvesse, não haveriam respostas... Então o silêncio convenceu a voz, que passara a achar que deveria se tratar-se de algum antigo morador que resolvera voltar as origens.

Não haviam mercados, postos de combustível, carros nas ruas. Nas casas via-se hortas, poços de água e platações de caqui. Qual é o sabor da indiferença? Com a língua pra fora, tentou sentir sabores... Gosto de saliva.

Mais alguns passos vislumbrou o primeiro habitante, um cão despenteado que lambia suas bolas em frente a igrejinha. Eliomar resolveu estabelecer contato com o cão. Assobiou, bateu com a palma das mãos nas coxas. O cão até olhou, mas achou mais interessante continuar lambendo suas bolas. Em um ato de auto-crítica, Eliomar resolveu mudar a forma de comunicação. Tentou lamber suas bolas em vão. E num ato desesperado, acabou lambendo o chão sabor barro. Ao levantar os olhos, deparou-se com o cão, de joelhos dentro da igreja, pedindo pela alma daquele pobre rapaz que caçava minhocas com os dentes.

Levantou-se. Mais alguns passos, uma linha imaginária levava-o para um cidade vizinha.

2ª parada: "Esputartópolis". Do lado de cá da linha as casas ainda eram casebres, porém, já avistava-se alguns muros altos mais ao longe. Conseguia avistar sacadas... E pessoas sentadas em banquetas de tijolos. A rua era coberta por um líquido branco com pequenas bolhas de vento saindo de suas entranhas. Resolveu se aventurar e caminhar no meio do líquido meio escorregadio enquanto aspirava. Deste lado de cá o cheiro que caminhava tranquilamente por entre os dentes, era de ferrugem. Não se importou muito.

Chegando próximo das pessoas, viu que, de suas bocas saia saliva, babavam muito, formavam-se rios de baba sob pés que firmavam o corpo daqueles que estavam sentados nas banquetas, o líquido escorria e ia parar direto na rua. Foi aí que percebeu que era cuspe que cubria a rua.

Resolveu cumprimentar uma senhora que achou que seria interessante cuspir em sua cara. Assustado com aquele monte de saliva em sua testa, já escorrendo pelos olhos e nariz, quase chegando na boca, afastou-se dando passos para trás. Porém, os passos apressados fizeram com que ele escorregasse e caísse deitado no chão. Caiu em cima de uma linha dura que lhe machucou os ombros. Levantou-se e com os pés, já encharcados de baba, afastou aquele "mundareu" de cuspe notando que ali tinha uma estrada de ferro, de onde, de fato procriava o cheiro da ferrugem. Saiu correndo para a próxima linha imaginária, não sem antes cair, quase se afogar em baba e vomitar resíduos de ontem no seu hoje borbulhante.

3ª parada: "Baquistatópolis". Cruzando a linha... Uma senhora nua e agachada na calçada recebia um senhor também nu pelas costas, esfregava o saco dele com a mão esqueda, enquanto a direita se apoiava no chão para manter o equilíbrio. Em degraus, uma senhora chupava o pau de um garotinho com olhar estático-perturbado-delirante e punhetava um senhor de meia idade pela lateral. O rosto corado deixava claro q ela estava adorando o que estava fazendo.

Eliomar não enxergava casas... Só um mundareu de gente nua ou com as calças no meio das pernas...

Um, dois, três passos... Senhores bêbados chupando bocetas e limpando dentes com pentelhos... Quatro, cinco, dez passos... Uma mulher nua em pêlo pergunta a Eliomar porque ele demorara tanto pra chegar, eles estavam esperando-o a semanas. E foi abaixando as calças do rapaz.

- Porque vocês fazem isto no meio da rua? Não seria melhor entrar dentro de casa?
- Mas em casa não tem essa variedade de paus e bocetas, na rua é melhor, pode-se escolher alguém diante de uma infinidade de opções.
- Mas ninguém é casado aqui não?
- Sim, todos somos, meu marido está ali, enrabando aquele policial, está vendo?

Eliomar não tinha falas, e no silêncio a senhorita lhe serviu uma bebida. Era um líquido escuro e grosso, não sabia dizer o que era, mas tinha gosto de álcool. Tomou de um só gole.

A esta altura, a moça já se enfiara no meio das pernas de Eliomar. Misturando cabelos e dentes com um pedaço de carne rijo e pulsante... Atrás dele surgiu um senhor que começou a forçar a entrada do seu cu. Não ouve resistência. Eliomar seguiu sem pregas para o próximo destino.

4ª parada: "Egotópolis". Já recomposto e com a roupa no corpo, pessoas caminhavam olhando para o umbigo. o céu resolveu nascer no chão para que eles pudessem vislumbrar o raiar do dia. Eram cegos... Pois o sol queimava retinas. Pessoas plantavam brotos de si mesmo tocando o chão que ficava sob suas cabeças.

Com o indicador enfiado na terra... Nascia um novo ser quase animado sem a parte que fora utilizada para lhe brotar. Alguns caminhavam sem cabeça por ali, outros sem língua, cotovelos, joelhos, coração.

Não conversavam entre si, tinham todos espelhos grudados nas costas com cola quente, para que outrem pudesse ver diante de si, sua própria imagem refletida. Alguns tragavam cigarros e queimavam o peito com brasas.

Assustado consigo e com os outros. Eliomar não andou... Correu.

5ª parada: "Pasárgada. Enfim Eliomar conheceu alguém, um jovem Manuel... Caminhando alegremente por campos tranquilos, escorregando em paus-de-sebo, amando mulheres, encantando donzelas, desvirginando campinas, tomando banhos de rio.

No fim da tarde, um velho Manuel raquítico e franzino vinha buscá-lo. De mãos dadas pastoreavam por entre cabras. Um arco-íris iluminava caminhos por entre olhares. Permutavam confidências. Por azar... Manuel não gostou de Eliomar. Como era amigo do rei, mandou que extraditassem-no na manhã seguinte. Acusação: Entrar na cidade sem passaporte... E sem pregas.

Foi mandado de volta para a casa de sua mãe, aos 42 anos de idade...

sábado, junho 14, 2008

Horários e fusos

As doze horas e zero minutos Arnaldo está sentado no vaso sanitário do banheiro da empresa, uma forcinha para entender irremediavelmente o motivo pelo qual os seus colegas de seção passaram a ignorá-lo sem motivo. Talvez não haja de fato um motivo, talvez seja Fívio que tenha plantado a semente da discórdia entre os colegas da seção, na última quinta haviam travado uma pequena discussão sobre política.

As doze horas e quinze minutos Arnaldo pensa que os picotes dos papéis higiênicos estão maiores, antigamente os quadradinho picotados (que somados formavam o gigante rolo de 30 metros) eram menores e mais fáceis de serem destacados. Por que a empresa não comprava um papel decente? Trabalhar tinha que ser algo bastante prazeroso, mas não o era, pelo menos não na empresa em que ele trabalhava... E nem no banheiro ele se esquecia da dor do trabalho. Acreditava piamente que o papel ruim era proposital, e não tinha nada a ver com economia feita pelo departamento de compras. Nessas horas lembrava-se de alguns de seus colegas que eram delicados demais. Como será que eles se limpavam com aquilo? Arnaldo ficou imaginando caras contorcidas esfregando um pedaço de papel no rabo... Uma cena um tanto quanto engraçada de se imaginar.

As doze horas e vinte e cinco minutos tentou lavar as mãos na pia, não havia água, um problema na tubulação da empresa fez com que a água fosse desligada naquele dia para que o suposto encanador pudesse fazer os reparos necessários. Não lavou as mãos.

As doze e quarenta sentou-se na frente do computador para teclar com uma (des)conhecida que havia 'conhecido' em um destes sites de relacionamentos. Digita daqui, digita de lá, um sorrisinho bobo no canto dos lábios, ajeita a pança dentro da calça jeans apertada, mexe com os pés daqui, cruza-os outrora, curva-se pra frente pra poder ficar mais próximo do monitor (como se não estivesse enxergando nada do que estava ali digitando), ajeita um pouco a curvatura errada da coluna, outro sorrisinho bobo.

As doze e cinqüenta e sete Fívio, Adalberto, Marcaurélio e Tício retornam para o departamento... Estavam retornando do almoço. Entraram fazendo um estardalhaço, quando viram que Arnaldo se encontrava sentado-curvado-amontoado na cadeira... Silêncio... Shiiiii... - A essa altura a conversa animada de Arnaldo com sua conhecida já havia ficado de lado.

Arnaldo tinha vontade de perguntar o motivo do silêncio, o que tinha ocorrido de tão grave para que todos passassem a ignorá-lo escrachadamente. Mas respirou fundo e definitivamente desistiu da idéia.

As treze e trinta e dois adentrou-se na sala uma linda funcionária do departamento financeiro. Pediu licença com uma voz açucarada e informou que estava ali para usar a copiadora. Todos, sem exceção consentiram com a cabeça e puseram-se à disposição para quaisquer dúvidas/reclamações/sugestões/atendimentos/auxílio necessários.

Marcaurélio estava fazendo pose de chefe da seção, pedia um relatório daqui, um relatório de lá, enfim, as treze horas e cinqüenta e cinco minutos Arnaldo resolveu se levantar para beber um copo d'água na cozinha. Marcaurélio sem pestanejar perguntou onde sua graça ia, informação que Arnaldo lhe transmitiu solicitamente informando o seu destino. Aproveitando a deixa, Marcaurélio resolveu exigir que lhe fosse trazido um copo com água. Arnaldo consentiu com a cabeça.

Na cozinha encheu o copo prontamente, e, para demonstrar ser um bom colega de trabalho (sendo que não devia nenhuma obrigação à Marcaurélio, pois este não era o seu superior) colocou duas pedras de gelo e resolveu remexe-las no copo com o dedo indicador, uma cena um tanto quanto inocente perante os olhos de Arnaldo.

Entrou novamente na seção e entregou o copo a Marcaurélio que deu uma longa golada na água... “Poxa, esta está geladaça, mas está com um gosto estranho esta água, será que é por causa do rapaz que está mexendo no encanamento?”

A moça bonita resolveu pedir um gole da água do Marcaurélio, não entendi, mas o pediu com uma carinha bem safada (como se precisasse ele não iria negar-lhe um gole nem em mil anos, e você acha que ele ia perder a oportunidade de deixar a tal beldade encostar os lábios carnudos na borba do copo?).

As quatorze e doze a moça bebeu na fonte e logo em seguida, quando a língua sentiu o 'gosto' da água insípida, que na verdade não era tão insípida assim, logo esbravejou - “Esta água está com gosto de merrrrddaaa!!” - E todos já olharam pra mim, Marcaurélio levantou e veio tirar satisfação. - “Tu tá de onda comigo seu bosta? Tá pensando o que? Agora tu vai apanhar!” E cumpriu sua ameaça dando em Arnaldo um pontapé na canela. Porém, este, por fim, retribuiu a carícia com um soco certeiro na ponta do nariz, o que fez com que a cara de Marcaurélio fosse coberta por um líquido melado e vermelho.

“Tu me quebrou o nariz, caralho... Tu me fez sangrar seu filho duma puta...”.

A Beldade, que obviamente não iria ficar ao lado de Arnaldo, resolveu sair em apoio a Marcaurélio, pois, conforme vocês notaram ela havia dado uma bicada no copo d´água remexido com o dedo de merda de Arnaldo. “Vai gente, pega alguma coisa pra limpar o sangue!”.

Alguns minutos depois lá me vem Fívio com o rolo de papel 'lixa cu' nas mãos... E se dispuseram três pessoas a esfregar gentilmente o papel na cara de Marcaurélio... Não sei muito bem o que ocorreu, mas sei que no fim das contas o nariz do dito cujo não chegou a quebrar...

No fim de toda a história Arnaldo não chegou a ser demitido, mas adorava ver o resultado da confusão depois que tudo se aquietou, o papel higiênico fez um grande estrago na cara do pobre coitado do Marcaurélio.

No dia seguinte a senhorita beldade, funcionária do departamento financeiro, resolveu liberar uma pequena quantia a mais para que pudesse ser comprada outra ‘espécime’ de papel higiênico... Agora utilizavam papel 'Extra soft' para limpar a bunda...

terça-feira, junho 10, 2008

Covers que só os gringos fazem

Empresas como o Yahoo e a Pepsi (refrigerante que é mais bem conceituado em seu país de origem do que aqui propriamente) estão com uma iniciativa bacana. Na verdade esta iniciativa não é recente, já ocorre há um bom tempo. Eles colocam em estúdio artistas para fazer covers de músicas consagradas. Achei ótima a idéia. Uma pena que isto não ocorra por aqui, iniciativas entre os grandes portais brasileiros e outras empresas.

Por falar nisso, pra quem não conhece, aqui vai uma dica. O Yahoo! tem um canal excelente de vídeo que é o Yahoo! music, canal este onde você pode assistir aos clipes do seu artista favorita, e o melhor é que ele vai incluindo na lista, automaticamente, artistas de acordo com o gênero escolhido por você. E você ainda pode informar se está gostando das seleções que o Yahoo está mostrando para você, e agora vem o mais impressionante, de acordo com as marcações dos artistas, ou dos clipes que você vai fazendo, ele vai interpretando o seu gosto e vai incluindo novos artistas de acordo com este gênero na lista, e dependendo da classificação que você dá para o artista, ele pode fazer com que venham mais clipes deste artista na seleção. E o melhor de tudo, pásmem... é que isso realmente funciona.

Abaixo tem dois videozinhos que sairam dessa parceria de Yahoo! e Pepsi.
O primeiro vídeo é do Sr. Gavin Rossdale tocando "Don't dream ist's over" do "Crowded House".



E a segunda é um pouquinho mais antiga, de uma banda recente que eu particularmente adoro, talvez seja por causa do vocal feminino: Flyleaf tocando "Smells like teen spirit" do "Nirvana".



Correndo por fora, mas não menos importante por isso vem o AOL, que com certeza passou a ser muito mais conceituado depois que mudou a filosofia dos seus serviços entrando para o ramo de serviços gratuitos. Este provedor encerrou as suas atividades no Brasil já algum tempo, vendendo a carteira de clientes para o provedor Terra. Atualmente ele é um provedor que concentra suas atividades unicamente nos Estados Unidos. Quem quiser conferir, é só clicar entrar no AOL Music e localizar o seu artista preferido. A AOL também chama alguns artistas em estúdio, porém, para tocarem a sua música própria, e parece que é tudo feita por conta do provedor, pois não existe parceria com nenhuma outra marca. Mas acredito que seja desnecessário, visto que o provedor é controlado pela todo poderoso grupo Time Warner.

Mas é isso aí... Quem quiser conferir... Se arrisquem, pois vale a pena.

Abraços.

segunda-feira, junho 09, 2008

Inspiração e Bukowski

Em uma segunda-feira triste e ensoralada, me faltam um meio, um suspiro de inspiração, uma vontade louca de fazer as coisas e colocar os meus projetos em prática. Mas por quê? Não sei ao certo, e nessa busca descontinuada em inspirar meus dejetos alusivos, eis que encontro, perdido em meu HD, um textinho do senhor Charles Bukowsi... Ahhh nada poderia ter me feito começar melhor o meu dia.

Confissão
(Charles Bukowski)

esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama

sinto muita pena de
minha mulher

ela vai ver este
corpo
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

“Henry!”

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.

no entanto,
eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites
a seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo.

Ofertas do dia: Livros Bukowski, Impressora HP e Samsung, Celular Samsung, Smartphone.

quinta-feira, junho 05, 2008

Ela e ele

Ela gosta de futebol e tem espasmos esquisitos (ou seriam distúrbios psíquicos?) quando seu time entra em campo. Quando o time não “rende” conforme o esperado então, sai de baixo, num dia desses atirou o vaso de pimenteiras Dele pela janela. Já Ele não entende como se avalia o rendimento de um time de futebol. Vários homens correndo atrás de um mesmo objeto cilíndrico que representa nada. Somente um objeto... Sem início e sem fim.

Ao contrário Dela, Ele não gosta de futebol, prefere comer bananas enquanto Ela ri e chora em frente à televisão. Ele só acha que o mundo é um grande cu cheio de calos e é habitado por pregas.

Ela não tem bom gosto literário, apesar de ler livros com certa voracidade, já que lê um livro bem mais rápido do que Ele. O problema são os livros. Ele definitivamente tem problemas com os títulos que Ela lê, mas os tolera.

Ele, apesar de dizer ter um gosto mais apurado para leitura, não gosta de livros extensos, prefere os que tem gravuras. Absorve somente as imagens. Letras não lhe entram na cabeça. Deve ser algum tipo de disfunção juvenil mal curada, ou o hábito cultivado de analisar revistas de mulher pelada.

Ela come compulsivamente, balas, doces e, por incrível que pareça, horti-fruti-granjeiros. Acha que estes últimos lhe dão mais energia, e, segundo Ela, comê-los é uma maneira de manter os contornos impecáveis, todos.

Ele não gosta de plantas, prefere frituras e elementos em forma líquida. Bebe cerveja para limpar o estômago.

Ela gosta de viajar e mudar de trajetos. Fala pelos cotovelos, adormece facilmente enquanto Ele fala sobre filosofias baratas e questiona o fato de estar desempregado já há um bom tempo. Acordam brigando, pois Ele acha que Ela não dá muita importância para o que Ele fala. No final Ela o agride verbalmente, porque acha que escutá-lo é uma grande perda de tempo, já que Ele reclama demais.

Ele entende cada dobrinha do corpo Dela, cada segredinho sujo que se aninha em seus cachos, conhece cada arroto desconjuntado.

Ela se perde com frequência, e se contenta em passar a mão nos cabelos ralos que Ele ainda tem na cabeça.

Ela o ama, apesar de todas as causas infantis e sem sentido defendidas por Ele.
Ele a odeia de uma maneira sutil e apaixonada.

Ele acha que as cores são o reflexo do momento, e interpreta as cores. Ela acha que as cores existem para que o cinza não domine o mundo. Já imaginou um mundo dominado pelo cinza? Pra Ela cultivar pensamentos sob este céu cinza já está de bom tamanho, o mundo deveria ser pintado de vez com cores vivas. Gosta das cores, mas não as analisa como Ele, acha coisa de desocupado.

Remédios para gripe: Ele os odeia, Ela os toma com frequência... Prevenção.

Ela adora trepar sem camisinha, Ele acha que isto é um absurdo pois uma gravidez indesejada seria inconcebível, como uma criança, até então imaginária, iria comer? E Ela acha um absurdo que Ele nunca ter ouvido falar em anticoncepcional. Pra Ela não existe nada melhor do que sentir aquele líquido espesso e quente depositado em seu ventre.

Ele é chato, Ela é pedante.
Ele é ranzinza, Ela é azul.
Ele é absurdo, Ela é fantasia.
Ela é leite em pó, dentes, rugas e bem querer...
Ele é álcool etílico, lábios, analogias e por que querer?

Ela é pronome... Ele também!


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quarta-feira, junho 04, 2008

1,99 - Um supermercado que vende palavras


Quantas palavras você poderia comprar em um dia? De um lado, um seleto grupo de pessoas que pode entrar em um lugar limpo e alvo que vende palavras pela bagatela de 1,99. Do outro, pessoas confusas que andam desconexamente em meio a pneus velhos enquanto celulares tocam para transmitir notícias.

Falta do que dizer, incoerência, desilusão? O que te levaria a comprar algumas palavras? Por que você as compraria? Um lugar simples, do qual ninguém consegue sair. Imagine neste lugar, caminhando juntos: o desejo, a angústia, e a compulsão pelo ato da compra. Quem você acompanharia? Por quê?

Melhor cena: Dois rapazes indecisos sobre qual palavra comprar, e, após pegar algumas delas e em seguida devolvê-las para a prateleira, eles optam por 'levar' a palavra: Único. Só que logo em seguida o rapaz das prateleiras vem e coloca uma outra caixinha vendendo a mesma coisa, que neste caso, não era única, pois não se tratava de nada mais que uma simples palavra sem significado de contexto.

Sem diálogos, olhares, sorrisos e destemperos guiam a trama. Por incrível que pareça, este filme existe para ser comprado pela singela bagatela de 29,90. Acredito que fazer filme independente no Brasil atualmente não seja lá uma tarefa das mais fáceis. Mas eu não sou tão cult ao ponto de considerar este filme bom. Na verdade 1h10m olhando para um cenário onde todos os atendetes, paredes e caixas são brancas me deixou um pouquinho enjoado. Não sei, mas definitivamente minha mente não conseguiu acompanhar muito bem o enredo deste filme. O mais legal do filme é o título. Confesso que baixei-o somente por causa do título. Mas não foi algo que me apeteceu as idéias.

Ofertas do dia: Nokia N-95, DVDs, PlayStation3, Nintendo Wii.

segunda-feira, junho 02, 2008

O menino Calvin



Todos nós temos um pouco daquela síndrome de "Peter Pan", aquela vontade doida de voltar a ser criança e deixar as preocupações de lado. Esquecer que a Terra gira e que esse movimento desenfreado de translação e rotação nos deixa mais velhos a cada segundo. Bill Watterson foi uma nobre pessoa que conseguiu transmitir de maneira sutil a beleza da infância. Todos nós temos uma bela imagem da infância, quem aqui não tem uma imagem congelada que será sempre guardada conosco, independente do tempo e da idade que tivermos?

Aquela manhã fria de agosto em que acordamos gripados e vovó fazia um chocolate quente pra esquentar nossos narizes gelados. O melhor da gripe era perder um dia de aula, ficar em casa assitindo "sessão da tarde" e ficar brincando a tarde inteira no quintal, para no início da noite mamãe ficar dizendo que a tal gripe era fingimento e desculpa para não irmos à aula, porque doente não fazia arte e não pulava que nem cabrito.

A imagem das peladas na rua, dos meninos pequenos, que hoje, assim como eu, também cresceram. Eu vivia sem o tampo do dedão direito. Eu não era um perna de pau, mas também não era um grande craque. E quem sofria nessas horas era o bendito tampão do dedo direito. Sim, tinha que ser o direito, porque eu era destro, hoje em dia eu chuto bem com as duas pernas, acho que foi devido a este fato, como eu não conseguia mais chutar com o pé direito, porque o dedão, que a esta altura estava na carne viva, não permitia um chute descente.

Os desenhos animados, os brinquedos de plástico, os cigarrinhos de chocolate e as jujubas que eu pedia pro meu pai quando íamos na padaria comprar pão. Os álbuns de figurinha. E os tapas. Ahhh os tapas... Como doíam. Machucavam-me a alma. Hoje em dia não sinto remorso algum dos tapas que levei, acho que até me foram útil em algum momento da minha vida.

Depois que conheci Calvin fiquei com vontade de voltar a ser criança. Aquele comichão doido de relembrar tudo o que eu fiz, quando as únicas preocupações que eu tinha na época eram os deveres de casa e os trabalhinhos sobre repetir eletronicamente letrinhas em um caderninho para treinar a caligrafia e aprender o beabá.

Calvin e o seu grande amigo de pelúcia Haroldo. Um tigre que só ganha vida quando não tem ninguém por perto. Bill Watterson não poderia ter encontrado um personagem melhor para transmitir a mágica experiência da infância.

Quem não conhece, sinta-se à vontade para ingressar no mágico mundo de Calvin e Haroldo, porque definitivamente. Vale a pena. Pois a mágica trajetória da infância não reacontece com muita frequência.

Oferta do dia: Calvin e Haroldo.

Outra dica bacana pra quem não conhece o Calvin e o Haroldo é o blog "Depósito do Calvin".

::: Hibernação - (in)Cultura e (de)formação

Há algum tempo esta quadra estava esquecida, meio abandonada, foi deixada de lado por seu habitante. Porém, após uma licitação pública, a quadra acaba de ser incluída no projeto de revitalização da cidade.

Passeie por onde quiser, entre nos becos e nas muretas escondidas, sacuda aqueles sonhos que estavam em cima da sarjeta, pegue um pedacinho do céu e deixe-o derreter no céu-da-boca. Acompanhe a informação. Sinta-se à vontade para ir e vir a hora e no tempo que bem entender. Não existem portas, pegue um ônibus, sente-se no fundão, coloque o mp3 player nos ouvidos e curta a viagem... Não tenha pressa para voltar pra casa. Pois você está em casa... Sob um céu cor de caramelo... Sob meia lua aprisionada em uma cesta de basquete na quadra vizinha... Acorde... Respire fundo... Sinta o cheiro! Qual foi sua sensação?

Respire fundo novamente, sinta o ar fresco invadindo seus pulmões. Abra os olhos...
E seja bem vindo.