quarta-feira, janeiro 10, 2007


2007 é uma vadia que se aninhou nos braços largos de um apêndice supurado.
Chegou embebedando peles aidéticas e tumores repositórios, assim mesmo, meio que desavisada, quando todos menos esperavam, lá apareceu ela 2007, no feminino, porque 2007 no masculino nada mais é que um ano para novos modelos de carro.

2007 no feminino é um amontoado de bagunças, livros não lidos, guimbas e inundações jovens que nascem e morrem em poucas semanas. 2007 é um quarto onde os párias repousam levemente a cabeça cansada dos artigos instituídos por instituições não governamentais.

2007 no feminino vai virar 2007 no masculino, daqui a exatamente 325 dias, vai ao baile de final de ano, vai trepar com algum suicida pra poder parir 2008. a filha mais nova, mas que também morrerá prematuramente... Às vésperas de completar um ano de idade.

2007 é uma vadia que gosta de batida e cocaína líqüida. Gosta de oxigênio em pó e música alta. Gosta de máquinas de escrever elétricas e de esferográficas azuis. Gosta de tetas e bocetas com pentelho. Gosta de homens magros e de olhos verde limão.

2007 é a prosódia de São Raimundo. É a tarde do caos, é a virgem cega dos cacos de vidro, é a lousa mágica dos poemas mal pensados, meticulosamente planejada no fim de todo do 30 que começa dia 0...

2007 é uma 'string' (com um número indefinido de caracteres). Tem somente um pulmão direito, o outro, com certeza é esquerdo e respira mais acelerado que o direito, mas no fim das contas o direito sempre leva vantagem sobre o esquerdo, porque com certe alguém sempre se cansa primeiro).

2007 dorme nas sargetas e não sabe porque nasceu...
Nasceu para parir alguém...
Nasceu pra virar masculino e criar novos modelos de carro...
2007 nasceu.
E com ele um post idiota.
Feliz 2007... No feminino.