quinta-feira, abril 26, 2007

::: Mínimas

Já ouviu falar em 'vazamento' de informação? Grave alguns dados importantes em um CD-R ou RW da sua marca preferida, e depois que todos os dados estiverem inseridos tente cuspir no meio do CD... Taí... informação vazada...

segunda-feira, abril 23, 2007

::: O que é uma empresa?...

I
Segunda-feira é o pior dia da semana para os funcionários, sem sombra de dúvidas, Augusto chegou com o estômago meio baleado da comida da mamãe, chegou apertado, não deu tempo de fazer de chegar ao banheiro direito, foi arriando as calças e o primeiro respingo de merda foi parar no chão, gotinhas de merda ao lado do vaso sanitário e embaixo da pia... Depois foi um custo para limpar tudo usando papel higiênico...

II
Terça é o dia da faxina. Após 8 meses de empresa Dona Iara chega sempre as 07:00, a empresa abre as 08:00, ela fica na portaria reclamando que o pessoal demora pra abrir a porta, está difícil fazê-la entender que não tem ninguém na empresa neste horário para abrir a porta ainda.

Trabalha minunciosamente bem, tira todo o pó das persianas, das divisórias, dá uma geral nas mesas e logo em seguida começa a esfregar o chão, lava primeiro o banheiro dos homens, acha que os homens da empresa são porcos porque o chão está sempre sujo e marcado com sapatos, ela já consegue reconhecer os porcalhões pela sola do sapato, as marcas rajadinhas são de Augusto, o magrelo, as lisas são de Flávio, o marvado, as que tem listras onduladas são de Pisico, o surdo...

Dona Iara gosta bastante de água sanitária, toda terça é a mesma história, bebe um copo e joga o resto pro santo e o esfregão é que sempre acaba agradecendo, esfrega daqui, esfrega dali... E lá se foram as marcas do chão...

III
Quarta é o dia das reclamações, todo mundo reclamando que Dona Iara tirou os papéis do lugar e que não deixariam mais que a mesa fosse limpa por ela, que ela só fazia cagada e o caralho a quatro. Mas isso está mudando depois que o diretor executivo descobriu que o pessoal da área de vendas jogam as planilhas fora para ficar sem serviço na parte da manhã, e o pior de tudo é que até descobrirem isso Dona Iara já estava há muito tempo com a orelha chamuscada de tanto que falavam da coitada.

Toda quarta é dia de colocar as metas em prática, refazer as propostas e verificar porquer os clientes são importantes para empresa. A verdade é que os clientes não são importantes eles querem sempre ganhar em cima daquilo que nunca é deles, nem por direito e muito menos por ação judicial, a verdade é que os clientes são o maior problema de toda empresa (talvez seja por isso que eu ainda seja um pobre rapaz, não são os clientes quem pagam as contas? Só se forem as suas, na semana passada cortaram a minha luz por atraso e até hoje não religaram a maldita, cadê os clientes? Não disseram que eles pagariam as contas?).

IV
Quinta Pedro foi assaltado na porta do escritório enquanto levava o dinheiro para o banco as 10:45. O dono da empresa quase se engasgou com uma pastilha de chocolate sabor menta quando ficou sabendo do ocorrido.

É por isso que todo dono de empresa é odiado, o filho da puta ainda colocou a culpa no pobre Pedro dizendo que ele era lerdo e que não presta atenção nas coisas. Pedro ainda tentou se explicar com a voz embargada, mas não teve jeito, foi mandado embora. Entrou na justiça no mesmo dia pedindo indenização, os advogados estão falando que ele vai ganhar fácil fácil...

V
Sexta é o melhor dia da semana tem feijoada na hora do almoço e à tarde os funcionários fazem vaquinha para comprar uma coca-cola. O dia não rende muito, pois todo mundo fica batendo-papo e reclamando que o relógio está estragado.

O dono da emresa vai embora as 15:00 então o pessoal não faz nada realmente depois deste horário, tem gente que até tira o telefone da linha pra não correr o risco de um cliente afoito tentar ligar em busca de alguma informação, sabe como é, já são 17:00 e quem quiser falar alguma coisa que ligue na segunda, porque meu dia já foi bastante atribulado hoje...

VI
Sábado não tem expediente na empresa...

VII
Domingo não tem expediente na empresa... (Mas amanhã teremos notícias do nosso eficiente e seleto quadro de profissionais altamente qualificados)...

P.S.: Eu sei que a semana começa no domingo, mas se tratando de empresa, o 1º dia útil é realmente a atribulada segunda-feira...

segunda-feira, abril 16, 2007

A que ponto chegamos!?
Ridículo ou hilário?

sábado, abril 14, 2007

Da última vez que encontrei meu amigo C. ele me deu cds com MP3... Gosto demais dessa coisa de troca de informações musicais, experimento sobre sonoridades. Agrado desta idéia. No meio das musiquinhas tinha uma pasta de uma banda chamada Furo, que, pelo que eu me lembro, é uma banda daqui de Beagá, de um pessoal amigo/conhecido do nobre Sr. C.. Roubei a letra de um post que ele já havia feito para que outros possam experimentar novos sons. Quem quiser ouvir a música é só dar um play aí no final do post, me desculpo caso a execução esteja lenta, mas é que eu tive que colocá-la no 'geocities' o que, definitivamente deixa a transferência do arquivo bem mais lenta... Bem... Soboreiem porque a bagaceira é boa... Muito boa.

FURO
ESPERANÇA

(letra e música: Rafael Carneiro)

Só quero abrir meu zóio em paz
Imune à fixação por mais

Quem roubou nossa paz, nossa coragem?
- Feito esperança, ilusão desespera -
Carregou só pra si tudo mais que interessa

Me acalma ouvir “come as you are”
Me ajuda a fugir da cela
Afasta a incerteza de mim feito esperança

Desliga essa televisão e amplia a função da sala
Desvia a atenção da história parar pra cagar toda hora

Me irrita ouvir “we are the world”
E aquele discurso insosso
Meu dia ficou pra depois feito esperança

sábado, abril 07, 2007

::: 'Se' permitir ter medo

Olhares raivosos te tiram a sede e a vontade de foder,
Ditam regras nervosas do que poderia e do que não poderia ser feito.

Estonteante, essa seria a palavra da vez se Miloca não fosse tão sentimentalóide e realmente não tivesse tanto medo de se acabar em cinzas bobocas à se espalhar pelo vento.

Repreendida? Amargurada? Medrosa?

A verdade é que Miloca não é estonteante, e muito menos bela, e muito menos jovem, se você me perguntar eu realmente não saberia lhe responder porque criei uma amizade tão bacana com ela, talvez pela maneira 'jeca' como ela fala das coisas.

Miloca tem medo de quase tudo, chora por qualquer coisa, mas definitivamente não tem nenhum medo de abrir a boca e falar besteira. Ela fala sem pensar o tempo todo, cheguei a pensar que era charme, mas realmente ela não pensa muito para fazer isso, é algo que soa até bastante natural, talvez por isso ninguém a repreenda.

Coleciona selos postais usados...
... Em alguns é possível ver a data do carimbo do correio, alguns datam mês 07 de 1992, outros são mais enrugados e datam da década de 80, alguns simplesmente não tem data alguma, só um pedacinho negro do carimbo, uma espécia de tarja preta. Guarda-os cuidadosamente em uma caixa de fósforos gigantes.

Perde-se ao apreciar cada selo, talvez porque somente ela e mais ninguém realmente conheça e saiba o que representa cada um deles, cada história mal contada, cada sentimento reprimido, cada grão de pó, cada hipótese pífia.

Miloca caiiiiiuuuuu de uma altura desconhecida, mas todos sabem que ela não tinha asas, deve ter surtado, colou o selo mais antigo que tinha guardado em sua caixa de fósforo no ombro direito e despencou, talvez estivesse tentando se despachar/enviar para algum lugar, mas como o serviço público é uma porcaria e a encomenda não era registrada, na caixa de correio do destinatário nada além de um aviso de mercadoria estraviada.

domingo, abril 01, 2007


Em cada parede um gemido diferente, um momento inconstante, em cada nervura de tinta, um poema seduzido pela cor do mofo fluorescente.

Em cada porta um caminho diferente, uma hipótese de passos e pernas, mãos e abraços, uma história da qual se desconhece a autoria, se desconhece a verdade, se desconhece por inteiro a vivacidade.

Ironias e mentiras se soltam do teto como placas de cimento armado. Buraco por onde as folhas se permitiram entrar nos mais variados outonos e outubros amarelos. As janelas esquecidas pela vaidade da monofonia sussurrada por vestidos decadentes de armações de arame farpado.

Fôlego... Respira-se um ar carregado de saudade, carregado de um passado distante do presente enferrujado. Longe das sombras e da escuridão que se tornaram hóspedes já há algumas décadas. Poucas linhas para representar guerras, pestes, incumbências do amor e dos dias úmidos. Poucas linhas para representar a velhice que corrói o tempo.

Cada cisco de poeira é uma semente não germinada dos sonhos residentes do silêncio. A solidão que se ecoa no respiro e respingos das lágrimas que procuram desassossego.

Alguns sonhos foram deixados para trás, foram seduzidos pelo tempo, e ali permaneceram, embalados pelos silêncio das horas intermináveis, guardados pela poeira inerte, e pelo semblante despreocupado das folhas retorcidas nervosamente pela solidão dos gelados verões eternizados por um borrão de tinta guache...

... Fôlego...
... Ar...
... Desassossego...