quarta-feira, setembro 28, 2005



Nas paredes pichações de romances que nunca deram certo, porque romances de banheiro são casuais demais. As vezes me imagino pensando, será que o que está escrito ali, justamente naquele banheiro foi lido por quem deveria? Será? Se o banheiro fosse para homens, mulheres e bichas eu até entenderia, mas e quando você encontra o mesmo tipo de 'mensagem' no banheiro dos homens. Será que aquilo ali foi escrito pra outro homem.

Essa coisa das mensagens subliminares é realmente estranho. Por que será que eu gosto de ler essas mensagens enquanto seguro o pau pra botar pra fora minha embriaguez. Por que será que bêbado nunca tem a pontaria boa, os pés sempre se mijam sozinhos... Pés mijados que se mijam sozinhos, tosco de se pensar, nada muito cheiroso pra querer se lembrar.

Doralice era lésbica, e entrava nos banheiros masculinos e mijava de pé. Uma mulher com culhões. Andava com uma navalha dependurada na cinturinha de pilão, já havia cortado alguns pescocinhos por aí... Não sentia remorsos. Se sentou no vaso, tirou o pincel atômico do bolso da calça jeans, e escreveu. Adoraria que você chupasse o meu pau...

sexta-feira, setembro 09, 2005



Porque um dia somos jovens e nos alimentamos de questionamentos e soluções rápidas, e no dia seguinte, temos a pele enrugada, o pulmão viciado em nicotina e as retinas perturbadas pelas milhares de cores com que pintam a vida...

Porque um dia temos tempo pra deixar pra amanhã o que poderíamos ter feito hoje, e no dia seguinte, temos que utilizar o amanhã pra elaborar hoje e ontem, precisamos de relógio de pulso, lembretes de celular e precisamos de plano de saúde...

Porque um dia temos histórias e poemas pra escrever, e no dia seguinte, temos cadernos rabiscados, corretores ortográficos muito mais inteligentes do que os professores de faculdade e temos o que não temos... Tempo.

Porque um dia temos sorrisos e dentes lindos pra mostrar, e no dia seguinte, nossas rugas tampam nossas expressões...

Porque um dia somos jovens e bonitos demais, e no dia seguinte, nos perguntamos: 'pra que tanto cabelo no saco se na cabeça não sobrou nenhum?'.

Porque um dia nos masturbamos e achamos graça de na mesma noite gozar quatro ou cinco vezes em uma relação, e no dia seguinte, continuamos nos perguntando qual o motivo de tanto peso extra na vida, já que de agora em diante seu corpo está fraco e cada testículo pesa como um saco de laranja cada...

E a vida continua, e eu ainda sou jovem, sou chuva, verão, sol, primavera, outono, inverno, sou quente, sou frio, úmido, molhado, sensível, uma pedra, sou perturbado, tenho vontades, meu saco ainda não é um peso extra, minhas memórias ainda não se transformaram em lembranças, minha saudade ainda não se chama desesperança, minhas músicas ainda não são velhas demais... Meus livros ainda não são clássicos da literatura. Ainda limpo a bunda com as folhas que escrevo, ainda estou me intoxicando com meus desmanzelos, ainda estou aqui... Pro que der e vier, pro que quiser me levar, praquele que me foder e fazer gracejos, praquela que me estuprar e me dizer saúde, pra tudo o que eu quero, pra tudo o que eu transformo... Estou cansado, mas continuo... Primavera, verão, outono, inv(f)erno...