segunda-feira, junho 02, 2008

O menino Calvin



Todos nós temos um pouco daquela síndrome de "Peter Pan", aquela vontade doida de voltar a ser criança e deixar as preocupações de lado. Esquecer que a Terra gira e que esse movimento desenfreado de translação e rotação nos deixa mais velhos a cada segundo. Bill Watterson foi uma nobre pessoa que conseguiu transmitir de maneira sutil a beleza da infância. Todos nós temos uma bela imagem da infância, quem aqui não tem uma imagem congelada que será sempre guardada conosco, independente do tempo e da idade que tivermos?

Aquela manhã fria de agosto em que acordamos gripados e vovó fazia um chocolate quente pra esquentar nossos narizes gelados. O melhor da gripe era perder um dia de aula, ficar em casa assitindo "sessão da tarde" e ficar brincando a tarde inteira no quintal, para no início da noite mamãe ficar dizendo que a tal gripe era fingimento e desculpa para não irmos à aula, porque doente não fazia arte e não pulava que nem cabrito.

A imagem das peladas na rua, dos meninos pequenos, que hoje, assim como eu, também cresceram. Eu vivia sem o tampo do dedão direito. Eu não era um perna de pau, mas também não era um grande craque. E quem sofria nessas horas era o bendito tampão do dedo direito. Sim, tinha que ser o direito, porque eu era destro, hoje em dia eu chuto bem com as duas pernas, acho que foi devido a este fato, como eu não conseguia mais chutar com o pé direito, porque o dedão, que a esta altura estava na carne viva, não permitia um chute descente.

Os desenhos animados, os brinquedos de plástico, os cigarrinhos de chocolate e as jujubas que eu pedia pro meu pai quando íamos na padaria comprar pão. Os álbuns de figurinha. E os tapas. Ahhh os tapas... Como doíam. Machucavam-me a alma. Hoje em dia não sinto remorso algum dos tapas que levei, acho que até me foram útil em algum momento da minha vida.

Depois que conheci Calvin fiquei com vontade de voltar a ser criança. Aquele comichão doido de relembrar tudo o que eu fiz, quando as únicas preocupações que eu tinha na época eram os deveres de casa e os trabalhinhos sobre repetir eletronicamente letrinhas em um caderninho para treinar a caligrafia e aprender o beabá.

Calvin e o seu grande amigo de pelúcia Haroldo. Um tigre que só ganha vida quando não tem ninguém por perto. Bill Watterson não poderia ter encontrado um personagem melhor para transmitir a mágica experiência da infância.

Quem não conhece, sinta-se à vontade para ingressar no mágico mundo de Calvin e Haroldo, porque definitivamente. Vale a pena. Pois a mágica trajetória da infância não reacontece com muita frequência.

Oferta do dia: Calvin e Haroldo.

Outra dica bacana pra quem não conhece o Calvin e o Haroldo é o blog "Depósito do Calvin".