terça-feira, outubro 11, 2005

E um certo dia me perguntaram: 'Não entendi, o que foi que você quis dizer com esse seu texto?'. Ora, por que sempre tem que se dizer alguma coisa? Nada contra quem gosta de ler as 'onopatopéicas' formas de comunicação existencialistas, nada contra as seduções 'linguajeiras' de Sartre, nada contra quem lê as depurações retóricas de Nietzsche. Nada contra nada, mas acho estranho me falarem: 'Você utiliza palavrões chulos demais em seus textos'. Tá certo. Nada contra, mas ainda sou da teoria, você só comenta alguma coisa a respeito sobre o texto de alguém, quando você realmente tem algo para comentar. 'Seu texto não tem nem sequer mensagens subliminares'. Tá certo, isso quem disse foi você, não quer dizer que não tenha. E isso pra mim é discurso de bicha virgem. Lê as entrelinhas quem simplesmente sabe lê-las. Encontre sentido pra mim no texto JAGUADARTE de Lewis Carroll:

JAGUADARTE

(Lewis Carroll, 1865)

Era briluz. As lesmolivas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.

Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Felfel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassurra!

Ele arrancou sua espada vorpal
E foi atrás do inimigo do Homundo.
Na árvore Tam tam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.


E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrefiflando através da floresta,
E borbulia um riso louco!

Um, dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem,vem-vai, para trás, para diante!
Cabeça fere, corta, e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.

Pois então tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!
Ele se ria jubileu.

Era briluz. As lesmolivas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.


E olha que o cara escreveu um dos livros mais subliminares do mundo... Aposta-me as tuas 'subliminariedades' neste texto, meu caro...

É verdade, você pode até não gostar do tipo de texto que eu escrevo, mas a verdade é que só se deve argumentar a respeito de alguma coisa quando realmente se tem algo para se argumentar, linguajar chulo, mensagem subliminar simplesmente não funciona no meu discurso.

Enquanto isso, sigo usando as analogias, bocetinha úmida, dedo médio enrijecido, o que argumentar do mundo enquanto ele se constrói em cima duma pistola de plástico, foda-se a linguagem enquanto as formas de comunicação simplesmente forem débeis e estreitas demais... Que cantem a marcha fúnebre, que me seduzam as putas e o orvalho da noite...

Enquanto isso você que procure suas mensagens subliminares na bíblia... Lá tem um monte...

Enquanto isso eu sigo, você se esquece de acontecer... Enquanto isso eu bebo, e você tenta encontrar uma análise pitoresca sobre a fórmula química da cerveja...

Enquanto isso eu escrevo, e você analisa o que se diz com as palavras mal acabadas de gente que nem sequer sabe dialogar...

Me dê um argumento, me dê um esquecimento, me dê um cigarro que a gente senta pra conversar... Enquanto isso você continua no seu monólogo mal feito de cristão mal resolvido... E olha, por favor, sexo só depois do casamento. Com certeza isso só pode ser porra que sobe pra cabeça... (Pra que você não me chame de chulo mais uma vez, entende-se por porra, aquele líquido viscoso que vocês chamam de sêmen, coisa que os cristãos usam pra procriação e eu uso como cosmético pra peles femininas, com certeza, muito bom pra pele).

E assim tenho dito...
Eles falam,
Vós Falais,
Nós falamos,
Ele fala,
Tu falas,
Eu não consinto...