“Vagando entre dois mundos, um morto, o outro
impotente para nascer”
Matthew Arnold
The Grande Chautreuse
Sentado na cadeira verde da esperança ao lado do berço que engole crianças, parado-estático-adormecido está um vulto. Desenhado à traços cinzas e alguns tons pastéis.
Guardando sombras em uma caixa plástica de 7 x 4 cm, propositalmente repousada em seu ventre deformado. Quem guarda consigo sombras poderá guardar fantasmas-pesadelos ou sonhos?
No jardim, flores artesanais de arame choram para o quadro de um beija-flor sem vida.
No fundo fundo existe uma pequena fonte que engole ventos e adormece furacões.
No terraço um pequeno espaço separa a churrasqueira do berçário.
Na cozinha existe uma lareira por onde entram folhas secas.
No quarto aflita no canto esquerdo a cama apelidada de quarta-feira, sem uma das pernas e sem lençóis para protegerem poeira.
O chão são nuvens de chuva que apagam ontens e lavam galochas de papel-jornal.
Se um homem pudesse atravessar o paraíso num sonho, e recebesse uma caixa plástica para provar que estivera ali e, ao acordar se deparar com uma caixa plástica em suas mãos...
E aí, então?