Na quadra onde os paralelepípedos são dobraduras de papel marchê e os sonhos são pedaços desleixados de minha infância reticente... Será que uma cidade caberia inteira dentro da minha quadra?
terça-feira, outubro 04, 2005
Tempo é uma ampulheta de vento que mede clandestinamente as vozes e os horrores do descaso, com o acaso me desfaço em versos ingratos pela milésima vez.
A incompetência e a incostância do tempo, e o meu descaso com o fato deu querer ser correto me seduz para o contrário desfecho do ser um esbelto mal feito no ventre ensopado de vermes de MIMI.
MIMI é a minha vaca. Tenho horas de prazer com minhas vacas. Canto estórias, conto estrelas, pinto com colheres a ração barata, coloro com fumaça o ar transparentemente opaco.
Tenho amores, tenho galinhas, moro em uma fazendinha num planeta distante, onde o pequeno príncipe é o meu vizinho, onde o E.T. de varginha é o entregador de leite, onde Chupa-Cabras é uma putinha especialista na arte de mamar nas tetas de minhas vaquinhas premiadas.
Aqui não tem água, as plantas crescem com urina rosa, coloridas com tinta óleo e meu patrimônio se torna líquido como... letras e números que me escorrem entre os dedos.
Entre arranha-céus de aranhas armadeiras...
Entre paredes fora de foco...
Entre fotografias que pintamos em nossas retinas...